Ucrânia: por que tanques de EUA e Alemanha podem virar jogo

Ucrânia: por que tanques de EUA e Alemanha podem virar jogo

Prestes a completar seu primeiro ano,   A guerra na Ucrânia pode ter o rumo 
alterado com o anúncio de que Alemanha,   Reino Unido e Estados Unidos vão enviar cerca 
de 60 tanques para o Exército ucraniano. Eu sou Julia Braun, da BBC News Brasil em Londres, 
e neste vídeo explico em três pontos para que   Servem esses taques e como a chegada desses 
armamentos, algo inédito no conflito até agora,   Pode impactar o equilíbrio de forças – 
ou então acabar escalonando a guerra. Lembrando que o envio de equipamentos militares do 
Ocidente vem sendo pedido há meses pelo presidente   Ucraniano, Volodymyr Zelensky, como forma de 
preservar as áreas do país recém-liberadas   Do domínio russo e enfrentar um adversário que, 
desde o começo da guerra, é militarmente superior. Recentemente, Zelensky disse que a 
Ucrânia precisaria de 300 tanques   De batalha de última geração para vencer a guerra. Começo então detalhando: O 
que foi prometido à Ucrânia? O primeiro país a se comprometer oficialmente foi 
o Reino Unido, com a promessa de enviar 14 tanques   Challenger 2, bem superiores aos que a Ucrânia tem 
atualmente e equipado com armas de alta precisão. Mas ele usa uma munição diferente da 
dos outros tanques de países da Otan,   A Organização militar do Atlântico Norte, 
o que poderia tornar o seu uso complicado. Em seguida, foi a vez da Alemanha 
anunciar que pretende enviar 14   Blindados do modelo Leopard 2, além de dar 
treinamento e munição às tropas ucranianas. O governo alemão disse ainda que vai 
liberar outros países que compraram   Seus tanques Leopard 2 a oferecê-los à Ucrânia. Isso não é uma mera formalidade: países como 
Polônia, Finlândia, Espanha, Lituânia e outras   Nações do Báltico já tinham manifestado intenção 
de ajudar Kiev emprestando os equipamentos. Mas eles dependem de uma 
licença exportação para isso,   Concedida justamente pela Alemanha, 
onde os equipamentos foram fabricados. Por fim, os Estados Unidos 
prometeram enviar 31 tanques Abrams,   Descritos pelo presidente Joe Biden 
como os “mais capazes do mundo”. Mas eles também têm um consumo de 
combustível maior do que outros   Tanques. Parte da resistência da Casa Branca   Em ceder o equipamento se justificava 
justamente pela sua difícil manutenção. Agora, o segundo ponto. Que diferença 
os tanques podem fazer na guerra? Esses tanques são uma novidade 
importante no conflito: até agora,   As grandes potências ocidentais tinham 
fornecido apenas armas de defesa para a Ucrânia. Tanques são uma arma antiga de guerra, mas ainda 
essenciais para as frentes de batalha, porque   Combinam poder de fogo e mobilidade. Na Ucrânia, 
eles podem ter um papel-chave principalmente  

Nas cidades sob disputa no leste do país, onde a 
presença e a ofensiva russas têm sido mais fortes. Kiev já tem seus próprios 
tanques, mas são veículos velhos,   Do período soviético. Muitos ficaram 
inutilizados pela falta de manutenção. É o caso do modelo T-72, doado 
aos ucranianos por seus aliados   Do Leste Europeu ou capturados dos russos.
A Ucrânia começou a guerra com cerca de 900   Desses modelos. Já a Rússia invadiu com mais de 
3 mil tanques e tem muitos outros de reserva. Especialistas afirmam que os tanques podem 
ser essenciais para que Kiev consiga quebrar   As linhas de defesa da Rússia, que são 
fortemente defendidas com artilharia,   Ou seja, uma tropa equipada com armas pesadas 
e coletivas de grande calibre e alcance. Segundo o professor Frank Ledwidge, que atuou 
como militar britânico nas guerras do Iraque e   Do Afeganistão, operações terrestres como as 
que estão em curso na Ucrânia têm os tanques   Como parte crucial, ao lado de armas de fogo de 
potência e unidades treinadas para o combate a pé. Além disso, existe outro fator 
crucial em jogo: o tempo. A Otan acredita que Moscou esteja planejando 
uma nova grande ofensiva a partir de abril. Por isso, vê as próximas semanas como uma grande 
oportunidade para repelir as forças russas. E se o foco é retomar território, os tanques 
alemães Leopard 2 são especialmente desejados. Isso porque eles são mais leves e rápidos 
e, por serem comuns nos Exércitos da Europa,   Têm mais disponibilidade de manutenção e munição. Mas tem um problema: os tanques 
ocidentais são pesados, o que deve   Dificultar o uso em algumas regiões 
da Ucrânia, especialmente naquelas de   Rios e lama. E eles devem entrar na mira da 
artilharia russa assim que desembarcarem lá. Nas palavras da pesquisadora 
de defesa Marina Miron: “Os russos vão caçar ativamente esses 
novos tanques e tentar destruí-los”. O que nos leva ao terceiro ponto: 
Qual o risco de isso ampliar a guerra? Desde o início do conflito, o envio de tanques 
é encarado com reservas por causa do risco   De ser interpretado por Moscou como um ato 
de ataque, mais do que de defesa. Ou seja,   De ser tratado pela Rússia como uma provocação 
dos Estados Unidos e aliados europeus. Ao anunciar os tanques americanos, 
Joe Biden tentou amenizar isso: Mas a reação de Moscou foi categórica: o governo 
russo disse que o envio de tanques é um movimento   “extremamente perigoso” que leva a guerra, 
entre aspas, “a um novo nível de confrontação”. O envio também deve fazer o 
presidente russo, Vladimir Putin,   Reforçar a narrativa que ele repete desde 
o início da guerra: a de que a Otan e o   Ocidente teriam como interesse principal 
enfraquecer a Rússia e ameaçar seu território. No caso específico da Alemanha,  

A embaixada russa em Berlim afirmou que 
a decisão de ceder os tanques Leopard 2   é um abandono das “responsabilidades 
históricas” da Alemanha com a Rússia. Explico isso melhor: ainda paira na Alemanha 
um senso de responsabilidade muito grande pela   Enorme quantidade de soviéticos mortos pelo regime 
nazista alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Por isso, o país até agora havia 
se mantido firme à sua prática   De não enviar armas letais sob seu 
controle para zonas de conflito. É   Por isso que o envio de tanques alemães 
à Ucrânia carrega muito simbolismo. E do lado ucraniano? Volodymyr Zelensky 
agradeceu a ajuda e afirmou que o volume   E a velocidade da entrega desses tanques 
serão cruciais para o desfecho da guerra. O governo ucraniano diz ter expectativa 
de vencer a guerra ainda em 2023,   Algo que, para muitos analistas, é uma 
ambição difícil de ser concretizada. Uma das frentes de batalha mais 
duras hoje é a cidade de Bakhmut,   No leste do país, onde russos e 
ucranianos se enfrentam há meses. A cidade fica entre Donetsk e Luhansk, regiões 
dominadas pelos separatistas pró-Rússia,   E por isso seu controle é 
considerado tão importante. Nem Moscou, nem Kiev confirmam oficialmente 
o número de mortos na guerra até agora. Mas até novembro do ano passado, os 
Estados Unidos estimavam que cerca de   100.000 soldados russos e 100.000 soldados 
ucranianos haviam sido mortos ou feridos. A ONU estima que ao menos 6.900 civis ucranianos   Morreram até o início de janeiro. 
E milhões se tornaram refugiados. A gente vai ficar de olho em 
outros desdobramentos desse   Novo capítulo da disputa entre Rússia e Ocidente. Eu fico por aqui. Obrigada e até a próxima.

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