Por que vírus H5N1 preocupa cientistas e pode virar pandemia
O vírus influenza, vírus
causador da gripe aviária, Voltou a aparecer nas manchetes de todo o mundo Das cidades do litoral do Daguestão,
na Rússia, à costa do Peru, passando Por fazendas de visons na Espanha e granjas nos
Estados Unidos, são vários episódios registrados De milhões de animais que morreram (ou foram
sacrificados) após terem contato com o vírus Mas será que o H5N1 pode
causar a próxima pandemia? Sou André Biernath, da BBC News Brasil
em Londres, e neste vídeo te explico, Em 5 pontos, porque os cientistas
estão preocupados com esse vírus — e O que podemos fazer agora para evitar que
ele cause uma crise de saúde no futuro Bom, vamos começar com o básico: o que é o H5N1? O H5N1 é conhecido desde 1996, quando foi
detectado por cientistas na China e em Hong Kong Mas ganhou destaque internacional a
partir de 2005, quando a mortalidade De frangos criados em granjas
na Ásia subiu drasticamente. Nessa época, também foram registrados episódios
de infecção em seres humanos — mas todos os Afetados tiveram contato direto com aves doentes O H5N1 é um tipo de influenza, família de vírus Que reúne outros causadores
da gripe, como o H1N1 e o H3N2 A diferença é que o H5N1 era um vírus que
atingia apenas as aves. Nelas, causa uma Infecção respiratória e intestinal que progride
rapidamente e tem uma alta taxa de mortalidade Mas a dinâmica desse vírus está mudando bastante.
É disso falo agora, no segundo ponto do vídeo Por que o H5N1 voltou a virar assunto? A Organização Mundial para Saúde Animal
estima que, desde outubro de 2021, Foram registrados mais de 42 milhões
de casos de infecção por H5N1 em aves Nesse período, cerca de 15 milhões de aves
domésticas morreram em decorrência dessa Gripe — e outras 193 milhões
precisaram ser sacrificadas Estamos diante do pior surto
de gripe aviária já registrado Desde que esse vírus foi identificado
pela primeira vez, há quase 30 anos Os surtos também estão se espalhando mundo afora: Antes, se concentravam na Ásia e na Europa; mais
recentemente, começaram a afetar as Américas O aumento da circulação está
relacionado às aves migratórias, Que vão de um continente para o
outro de acordo com a estação do ano Muitas delas viajam infectadas e, quando chegam a
um novo lugar, têm contato com as espécies locais Assim, o vírus começa a circular numa
nova região — e pode chegar às granjas, Que concentram grandes quantidades
de aves em armazéns fechados
A médica veterinária Helena Lage Ferreira
me explicou que o influenza H5N1 passou Por uma “diversificação genética” recentemente E é aí, desde 2005, esse vírus começou a se
diversificar geneticamente. Mas o que tem Causado esse monte de problema é uma variante.
Decidimos então, em 2020, emergir uma nova Linhagem do vírus. Na verdade, a gente fala clado
e esse é clado que tem sido disseminado desde A Ásia até a Europa, África e as Américas.
Agora não é o mesmo vírus Esse clado Do subtipo H5N1 que tem causado esse problema é
o clado 2,3 por quatro, por quarto e ele tem algumas Mutações genéticas que parecem que são mais
que fazem o vírus ficar mais transmissível entre As aves. Então as aves precisam de uma carga
viral mais baixa para se infectar, então elas Ficam mais suscetíveis também a uma infecção
ou uma contaminação ambiental, por exemplo Mas o problema não para por aí Além do altíssimo número de aves afetadas nos
últimos dois anos, o que tem chamado a atenção Dos cientistas é a quantidade de mamíferos
que também estão se infectando com o H5N1 Até o momento, casos de gripe relacionados
e esse vírus foram confirmados em ursos, Raposas, gambás, guaxinins, visons,
focas, golfinhos e leões marinhos Na maioria desses casos, a infecção acontece Pelo contato próximo desses
mamíferos com aves infectadas Muitos deles compartilham o mesmo
habitat — e o contato próximo Facilita a transmissão do vírus entre espécies Na maioria das vezes, o H5N1 é transmitido
diretamente das aves para os mamíferos por Meio de fluidos como gotículas de
saliva ou fezes, ou pela predação, Em que uma espécie caça e se alimenta da outra Mas, recentemente, dois episódios
sinalizaram que o H5N1 pode estar Adquirindo aos poucos a capacidade
de passar de um mamífero para o outro O primeiro deles aconteceu na Galícia, no
noroeste da Espanha. Em outubro de 2022, Os responsáveis por uma fazenda notificaram
as autoridades sobre a transmissão do vírus Entre os visons, um tipo de animal
criado para a fabricação de casacos Essa foi a primeira ocasião em que a
transmissão do H5N1 entre mamíferos, Sem a intermediação de aves,
foi confirmada oficialmente O segundo episódio ocorreu na costa do Peru, Onde mais de 3 mil e 400 leões-marinhos
morreram por causa da gripe aviária Essas mortes na costa peruana ainda
estão sob investigação para definir Se a cadeia de transmissão envolveu diretamente
As aves — ou se o H5N1 também começou a
ser transmitido entre os leões-marinhos Terceiro ponto: e nós, seres humanos? A microbiologista Marilda Mendonça
de Siqueira me disse que toda essa Movimentação do H5N1 entre espécies
diferentes é preocupante para a gente A partir do momento que é detectado que
um vírus influenza aviário conseguiu Chegar até o mamífero, foi detectado em
mamíferos. Isso aí causa uma preocupação porque, Naturalmente, o ambiente celular de
um mamífero em termos de temperatura De pH de alguns receptores é muito mais
próximo a dos humanos do que outras aves E então, e isso é uma das preocupações que nós Então temos quando nós verificamos este
salto em diferentes espécies animais De acordo com a Organização Mundial
da Saúde, a OMS, entre 2003 e março De 2022 foram registrados 864 casos e 456
mortes causadas pelo H5N1 em seres humanos Já o Centro de Controle e Prevenção de
Doenças, o CDC dos Estados Unidos, estima que, Entre janeiro de 2022 e março de 2023, dez
pessoas foram diagnosticadas com a gripe aviária Duas delas morreram Esses últimos casos aconteceram em Camboja, China, Espanha, Equador, Reino
Unido, Estados Unidos e Vietnã Recentemente, as autoridades
do Chile também detectaram Um caso de gripe aviária em numa pessoa no país Embora os números sejam pequenos, eles
permitem calcular uma mortalidade bem alta: No geral, 52% das pessoas que
foram infectadas pelo H5N1 morreram A mortalidade pelo tipo 2.3.4.4b do vírus, Que parece estar por trás desse
espalhamento atual, está um pouco menor Mesmo assim, fica na casa dos 20% Mas é importante deixar claro que os casos de
gripe aviária em seres humanos são esporádicos E estão todos relacionados ao contato próximo
com animais infectados em granjas ou na natureza Até o momento, não foi registrada nenhuma cadeia
de transmissão direta de uma pessoa para outra E isso nos leva ao quarto ponto: será que o
H5N1 pode ser o causador da próxima pandemia? O virologista Edison Durigon me
disse que o risco ainda é baixo, Mas nunca estivemos tão
próximos de um cenário desses Na avaliação dele uma pandemia de H5N1
seria uma tragédia e se transformaria Rapidamente num dos maiores problemas
que a humanidade poderia enfrentar A professora Marilda Siqueira concorda A boa notícia é que o mundo
parece estar melhor preparado
Para enfrentar uma pandemia de H5N1
do que esteve para lidar com a covid Nós já temos, por exemplo, remédios
antivirais que funcionam bem contra esse vírus E vários centros de pesquisa já estão
fazendo testes de vacinas contra o H5N1 Um deles é o Instituto Butantan, em
São Paulo, que anunciou recentemente Que pretende começar os testes clínicos,
que envolvem voluntários, em 2024 A estimativa das autoridades é que seja
possível iniciar uma grande campanha de Vacinação contra o H5N1 em cinco ou seis meses
a partir do momento em que uma eventual pandemia Causada por esse vírus fosse decretada Com isso, chegamos à última pergunta: Existe algo que podemos fazer agora
para evitar essa nova pandemia? Cientistas, instituições públicas e
governos já estão trabalhando nisso Os especialistas dizem que é necessário
investir ainda mais no monitoramento de vírus, Para detectar possíveis mutações ou surtos
logo na origem, antes que eles se espalhem Do ponto de vista individual, existem
algumas medidas básicas que já podem ser Colocadas em prática para nos proteger
e evitar uma crise de saúde futura A mais importante delas, segundo os cientistas
com quem conversei, é não tocar ou chegar Perto de aves mortas que a gente veja na
praia, no mato ou em qualquer outro lugar Isso porque esse animal pode estar infectado Com o H5N1 — e a proximidade pode
facilitar a transmissão pra gente Nesses casos, a orientação é notificar
as autoridades locais, que podem enviar Profissionais com equipamentos de proteção para
remover o corpo e enviar amostras para análise E, claro, vale sempre lavar as mãos
com regularidade e ficar atento aos Sinais de infecção respiratória — como
tosse, espirros, febre e dor no corpo Nos casos em que esses incômodos aparecem, é importante evitar o contato com
outras pessoas por algum tempo Bom, com isso eu fico por aqui. Vou
continuar acompanhando esse assunto de perto Não se esqueça de seguir a BBC News
Brasil nas redes sociais e no YouTube Pra ficar por dentro de tudo que a gente publica Um abraço, se cuida e até a próxima