Por que listar países mais ricos não é tão fácil como parece
Quais são os países mais ricos do mundo?
Esta não é uma pergunta fácil de responder, Já que há diferentes mensurações, e
não é tão claro qual é o indicador Mais adequado para medir a riqueza de um país.
O mais popular é o produto interno bruto – ou PIB. Se olharmos apenas para ele, dois países juntos
têm mais de um terço da riqueza total do mundo. Estou falando de Estados Unidos e China.
Mas embora o PIB dê uma ideia do tamanho Da economia de um país, ele não
reflete necessariamente o bem-estar E a qualidade de vida da população.
Sou Laís Alegretti, da BBC News Brasil, E neste vídeo eu te mostro alguns dos cálculos
a respeito dos 10 países mais ricos do mundo, Com base no PIB. E apresento outros
indicadores que ajudam a dar uma visão Mais realista da riqueza de cada país.
Primeiro, aqui vai a lista dos países Com os PIBs mais altos do mundo.
A minha fonte são as projeções de 2023 do Fundo Monetário Internacional.
Como eu adiantei, Estados Unidos e China Estão na liderança. Com uma boa distância
em relação ao Japão, terceiro colocado. O Brasil, que sob alguns cálculos chegou
em 2011 a ter o sexto maior PIB do mundo, Terminou 2022 em 11°. Hoje ocupa o décimo lugar da
projeção do FMI de maiores PIBs em preço corrente. Esse cálculo se refere ao valor total, em preços
atuais, dos produtos e serviços sendo produzidos Dentro de cada país ao longo de um ano.
Agora que vimos a lista, vou lembrar o Que é exatamente o PIB e por que ele é criticado
por alguns especialistas como medida de riqueza. Ele foi criado na década de 1930 pelo
economista americano Simon Kuznets. A intenção era medir a economia como um todo
para ter uma ferramenta que ajudasse os países A saírem da Grande Depressão, aquele período que
veio com a Quebra da Bolsa de Nova York, em 1929. Durante a Segunda Guerra Mundial, o PIB
foi usado para saber quanto cada país Produzia internamente e o quanto
sobrava para financiar a guerra. Mas o uso só se espalhou globalmente após
a Conferência de Bretton Woods em 1944, Que levou à criação do Banco Mundial
e do Fundo Monetário Internacional. Essas instituições adotaram as metodologias do
PIB dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha para Orientar a formulação de políticas
e determinar quais projetos de Desenvolvimento global mereciam financiamento.
Mas apesar de ser um indicador tão importante, O PIB não é uma unanimidade. Seu
próprio criador, Simon Kuznets, chegou A afirmar que era preciso distinguir a
quantidade e a qualidade do crescimento. Te dou um exemplo. Se você compra uma passagem
de trem, isso é contado no cálculo do PIB do País. O que não é contado é se o trem que
você pegou está em ruínas, cheio de gente, Com um serviço ruim e sujo. Ou se é um trem-bala,
que chegou no horário e está bem conservado. Da mesma forma, existem coisas que não são
necessariamente boas para a sociedade, mas contam
No PIB. Produzir um medicamento novo que salve
a vida de pessoas conta tanto quanto produzir Armas que eventualmente podem matar essas pessoas.
Além disso, o produto interno bruto também não diz Nada sobre a distribuição da riqueza: um país pode
ter um PIB alto, mas também muita desigualdade. Segundo os críticos, o problema não é o PIB
em si – mas uma espécie de poder supremo que Ganhou. Como se ele, sozinho, refletisse
o sucesso ou o fracasso de uma nação. Por isso, alguns defendem que é preciso dar um fim
à "ditadura do PIB". Ou ao “fetichismo do PIB”, Como afirma o Nobel de economia Joseph Stiglitz.
O argumento é que embora o crescimento econômico Tenha gerado mais empregos, rendas mais altas e
mais riqueza, as desigualdades entre as elites E o restante da população se aprofundaram nas
últimas décadas, e também com a pandemia de covid. Outro argumento é que o "dogma"
de produzir e consumir cada vez Mais levou à destruição do planeta.
Por outro lado, os defensores do PIB Argumentam que o estímulo ao crescimento econômico
deu ao mundo uma série de ganhos, como inovações Técnicas e tecnológicas que aumentaram nossa
expectativa de vida e nosso acesso a serviços como Eletricidade e água potável e tratamentos médicos.
Em suma, que o crescimento gerou bem-estar. Agora que sabemos das críticas ao PIB,
vamos a outro indicador usado para Comparar países: o PIB per capita.
A diferença aqui é que essa medida Calcula a riqueza de um país dividido pela
quantidade de habitantes. O PIB per capita Também não reflete toda a realidade, mas pode
dar uma ideia mais próxima do que é o bem-estar Socioeconômico de um país.
E olha só como a lista do FMI muda completamente com esse indicador.
Passa a ser liderada por Luxemburgo, Irlanda, Noruega, Suíça e Cingapura.
Já o Brasil é o 83º. E por que Luxemburgo está no topo?
Estamos falando aqui de um dos menores países Do planeta, tanto em área quanto em população.
Mas que é também o maior centro bancário do Mundo. Só na capital, que também é chamada
de Luxemburgo, operam mais de 200 bancos E 1.000 fundos de investimento.
O país tem uma força de trabalho Altamente educada. Além disso, tem um mix
de indústrias e uma economia de importação E exportação baseada em serviços financeiros.
Luxemburgo oferece incentivos fiscais para Atrair empresários estrangeiros
e os salários do país são altos. Mas é bom também deixar claro que estamos falando
de um dos maiores paraísos fiscais do mundo. Em 2021, uma extensa investigação jornalística
internacional revelou que 124 mil empresas estão Sediadas no país. O que chama atenção, porque
Luxemburgo tem apenas 650 mil habitantes. O fato é que mais de 90% dessas
empresas pertencem a estrangeiros, Que administram suas fortunas do exterior.
Além disso, o PIB per capita em Luxemburgo Também se deve em grande parte à alta proporção
de trabalhadores de países vizinhos como França,
Alemanha e Bélgica que trabalham,
mas não vivem em Luxemburgo. Embora esses funcionários contribuam
para o produto interno bruto, eles não São contabilizados como parte da população.
Tudo isso infla o PIB per capita do país. No caso da Irlanda, o PIB per capita alto pode
ser explicado, em parte, pelo fato de o país Ter virado uma sede de grandes multinacionais
– de gigantes da tecnologia a farmacêuticas. Mas até o PIB per capita tem seus problemas: ele
não reflete com precisão o nível de bem-estar dos Cidadãos ou o desenvolvimento de uma economia.
Isso porque, embora na média o PIB per capita Possa ser alto, ele é só uma média – que pode
mascarar o fato de que tem gente ganhando muito Dinheiro enquanto outros ganham muito pouco.
É por isso que especialistas Observam também outras medidas.
Uma delas é o Coeficiente de Gini, Que estuda a distribuição de renda.
Nesse índice, quanto mais um país se Aproxima de 100, mais desigualdade
existe entre a renda da população. Segundo o Banco Mundial, que compila os dados
mais atualizados disponíveis para cada país, Os países com maior igualdade de renda são
Eslováquia, Belarus, Eslovênia e Armênia. No outro extremo, encontramos África
do Sul, Namíbia, Suriname e Zâmbia. O Brasil está entre os 10 mais desiguais, com
um índice de 52.9. Na parte de baixo da lista, Também estão países latino-americanos
como Colômbia, Panamá e Costa Rica. Mas críticos acham que o Gini é uma medição muito
limitada da desigualdade de renda. Um dos motivos é porque não consegue medir o impacto da economia
informal, tão grande em países como o Brasil. E Porque não diferencia entre tipos bem diferentes
de desigualdade – por exemplo, entre um estudante De medicina que está endividado agora, mas com
grande perspectiva de renda futura, e uma pessoa Desempregada sem nenhuma perspectiva profissional.
Além do Gini, especialistas também recomendam o índice de desenvolvimento humano da ONU, o IDH.
Ele mede a expectativa de vida, índices de Educação e renda per capita com base em médias
internacionais de poder de paridade de compra. A lista de maiores IDH do mundo é
liderada por Noruega, Suíça e Irlanda. O Brasil está hoje na 87ª
posição, entre 191 países. Mesmo assim, a própria ONU destaca que o IDH não
tem como objetivo ranquear os melhores lugares Para se viver e deixa de fora muitos indicadores
importantes da qualidade de vida de um país, como Força da democracia, equidade e sustentabilidade.
Ou seja, deu para ver que cada indicador traz Um ângulo, mas não o retrato completo da riqueza
nem de como ela é usada para o bem da população. Conta aqui pra gente o que você achou de tudo isso.
Eu fico por aqui, Mas a gente volta em breve com vídeo novo.
Até a próxima!