Por que 2024 será o maior ano eleitoral da história
2024 será o maior ano eleitoral da história. Nunca antes tantas pessoas votaram
em um mesmo ano quanto votarão neste. Segundo o Centro para o Progresso Americano,
um instituto de pesquisa nos Estados Unidos, Mais de 2 bilhões de pessoas vão às urnas. São quase 80 países que representam pouco
mais da metade da população mundial. Nem todas essas eleições devem ser
realizadas de forma livre e justa. Mas ainda assim elas terão um grande impacto
na política mundial dos próximos anos. Eu sou Julia Braun, da BBC Brasil em Londres, E falo neste vídeo sobre alguns dos pleitos
que serão destaque nos próximos 12 meses. Começo por uma votação em uma pequena
ilha, mas que pode ter grande impacto. Taiwan escolhe um novo
presidente em 13 de janeiro. O território se considera uma nação soberana, Mas é historicamente reivindicado pela China,
que o vê como uma província rebelde. Ao mesmo tempo, a ilha os Estados Unidos como
seu maior aliado. Uma lei americana, inclusive, Determina que Washington deve ajudar Taiwan a
se defender em caso de ataque estrangeiro. Os eleitores vão decidir entre o Partido
Partido Democrático Progressista, Que defende a maior independência da China,
e o Kuomintang, mais próximo de Pequim. As pesquisas de opinião mostram
um cenário bastante apertado, Com os dois partidos basicamente empatados. E o resultado promete afetar o balanço de
poder entre as duas maiores potências do mundo, Que tem Taiwan como um tema
extremamanete sensível. A escalada na tensão entre Estados Unidos e
a China ocorre em um momento em que Pequim Envia cada vez mais aviões militares
para a zona de defesa aérea de Taiwan, Enquanto Washington desloca navios
de guerra para as águas da ilha. Em março, é a vez dos russos irem às urnas. A vitória de Vladimir Putin é vista
por muitos como praticamente certa. Ele está no poder há mais de
20 anos e, segundo seu governo, Vai se reeleger porque conta com
apoio majoritário no país. Mas organizações de direitos humanos e adversários Políticos denunciam que qualquer tipo de
oposição genuína é barrada no país. Além disso, como a mídia independente
foi quase toda expulsa do país, O ambiente de informações
livres é bastante limitado. Na última semana, uma ex jornalista de
TV que se candidatou foi impedida de Concorrer pela comissão eleitoral e afirmou
que foi desqualificada de forma injusta.
Mas por mais que o resultado do
pleito seja bastante previsível E não haja grandes esperanças de que possa
impactar no atual conflito com a Ucrânia, Analistas dizem que uma participação
popular menor do que em anos anteriores Pode ser um golpe para Putin, já que
o voto não é obrigatório no país. Uma das eleições que mobilizarão
o maior contingente populacional Serão realizadas na Índia em abril. Apesar de o voto não ser obrigatório, o país
atingiu a marca de mais populoso do mundo, Com 1 bilhão e 424 milhões de habitantes. O atual primeiro ministro, Narendra Modi, Chega ao pleito como um líder poderoso
e de popularidade generalizada. Mas ele também é visto por
alguns como uma figura divisiva, Acusado de promover medidas que marginalizam
e agridem a minoria muçulmana no país. Modi é considerado por alguns
especialistas o líder populista Mais bem sucedido do mundo no momento. Ele agora espera se tornar um dos poucos líderes Da história indiana a governar
por três mandatos seguidos. Agora, um primeiro-ministro que deve enfrentar Um grande desafio em 2024 é o
Rishi Sunak, do Reino Unido. O Partido Conservador, que ele representa, Perdeu profundamente o apoio desde que conquistou
uma grande vitória nas eleições em 2019. Sunak já é o terceiro líder da legenda nesse
curto período de tempo – e escândalos políticos E instabilidade partidária voltaram
os eleitores contra o partido. Ainda não há uma data certa para a eleição
parlamentar, já que ela deve ser convocada Pelo próprio governo e a lei permite que
isso aconteça até janeiro de 2025. Mas a expectativa é que a votação
aconteça ainda neste ano. Mas alguns pleitos locais no
Reino Unido já estão marcados, Como a eleição para a Prefeitura
de Londres, em maio. Já na África do Sul, o presidente Cyril
Ramaphosa e o seu partido Congresso Nacional Africano podem enfrentar
seu maior desafio até hoje. O partido, conhecido pela sigla em inglês
ANC, está no poder de forma contínua há 30 anos e venceu todas as eleições
desde o fim do regime do Apartheid. Mas a economia está sofrendo com altas taxas de
desemprego e crime. Uma crise energética de longa Duração que está causando apagões e acusações de
corrupção também prejudicam o atual governo. O ANC dominou tanto a política do país
nos últimos anos que provavelmente não
Perderá o poder completamente, mas
analistas preveem que o partido possa Ser obrigado a fazer acordos com outras
legendas ou negociar uma coalizão. No início de junho é a vez do México.
O país provavelmente terá sua primeira Presidente do sexo feminino, já que as
duas principais candidatas são mulheres. A Constituição mexicana impede o atual
presidente, Andrés Manuel López Obrador, De buscar a reeleição, apesar da sua
popularidade. Por isso ele está apoiando A sua aliada de longa data e ex-prefeita
da Cidade do México, Claudia Sheinbaum. Os principais partidos da oposição
se uniram sob uma única bandeira e Apresentaram a ex-senadora Xochitl
(Sotíl) Gálvez como candidata. A representante do governo aparece com
uma vantagem confortável nas pesquisas, Beneficiada pela queda nas taxas de
pobreza e inflação e pelo crescimento Econômico conquistados por López Obrador. Mas o crime e a violência, muito
ligados aos cartéis de drogas, Continuam sendo um problema
para a atual administração. O Brasil também está na lista, Mas por conta das eleições municipais
que definirão prefeitos e vereadores. O primeiro turno está marcado para 6 de outubro
e, apesar de não se tratar de uma eleição geral, Cerca de 150 milhões de brasileiros
devem estar aptos a votar. Há quem diga que essas eleições podem
ser uma espécie de terceiro turno das Presidenciais de 2022, quando o atual mandatário Luiz Inácio Lula da Silva derrotou
o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em algumas metrópoles essa disputa tende
a ficar mais clara. No Rio de Janeiro, Por exemplo, Bolsonaro tem apoiado
o deputado Alexandre Ramagem, Do PL, em contraponto ao atual prefeito
Eduardo Paes, aliado de Lula do PSD. Já em São Paulo o petista tem Guilherme
Boulos, do PSOL, como seu pré-candidato, Enquanto Bolsonaro apoia a campanha de
reeleição de Ricardo Nunes, do MDB. Mas alguns analistas dizem que, apesar da
polarização persistir no Brasil, questões locais Tendem a ser bastantes significativas nestas
eleições, especialmente nos municípios menores. Mas nenhuma outra eleição deve ter um impacto
tão grande quanto a dos Estados Unidos. Os eleitores americanos vão votar em
novembro para escolher presidente, Um terço dos assentos no Senado e todos
os assentos na Câmara dos Deputados. A corrida presidencial promete ser uma reprise de
2020, com Joe Biden enfrentando Donald Trump. Biden quer um segundo mandato apesar de que, se
for eleito, terminará o período com 86 anos. Já Trump, se for eleito, igualará
o feito de Grover Cleveland que é
Atualmente o único presidente americano a
cumprir dois mandatos não consecutivos. Essa eleição atrai interesse pelos temores De que possa representar mais uma
rachadura na democracia americana, Diante das constantes alegações infundadas
de Trump de fraudes no pleito de 2020. E também pela forma como o resultado
pode impactar o mundo todo. O próximo presidente americano pode
definir o futuro do apoio à Ucrânia, O papel do país no Oriente Médio e as relações com
adversários importantes como a China. Além, claro, De dar as cartas em outros temas importantes como
economia e combate às mudanças climáticas. Vale mencionar também a eleição na Venezuela. O pleito deve acontecer no segundo semestre
de 2024 e foi marcado após um acordo Entre Nicolás Maduro e a oposição para
estabelecer garantias eleitorais. Em troca dos esforços do atual
governo para negociar o pacto, Os Estados Unidos suspenderam temporariamente suas
sanções ao petróleo, gás e ouro venezuelanos. Mas vários candidatos da oposição foram
desclassificados, incluindo María Corina Machado, a favorita à vitória, que teve seus
direitos políticos cassados por 15 anos. A oposição afirma que as desqualificações
de potenciais adversários são ilegais mas O governo Maduro tem se mostrado
inflexível até o momento. Tudo isso torna o futuro eleitoral
da Venezuela uma grande incognita. Além desses países que eu citei, Uruguai,
Bangladesh, Paquistão, Indonésia, El Salvador e Panamá, entre outros,
realizarão eleições gerais em 2024. Também está marcada para junho a eleição
dos integrantes do Parlamento Europeu, Que mobiliza todos os 27 Estados
membros da União Europeia. E a previsão era que a Ucrânia elegesse
seu novo presidente em março, mas há um Grande debate no país sobre realizar ou
não o pleito em meio a uma guerra. Bom, com isso eu fico por aqui. Acompanhe
nossa cobertura sobre todas essas eleições Aqui no nosso canal no YouTube, nas nossas
redes sociais ou em bbcbrasil.com. Obrigada pela audiência e até a próxima.