PL das Fake News: a redução de notícias que Google pode usar no Brasil
O projeto de lei das Fake News, que entre
outras coisas quer implementar regras e cobranças Para redes sociais e sites de busca, tem causado polêmica E não só no Brasil No Canadá, por exemplo, um projeto parecido
gerou uma resposta inesperada do Google, Irritando o governo e mostrando como as chamadas big techs podem manobrar suas plataformas e gerar Um resultado completamente diferente do desejado
pelos governos Eu sou Mariana Sanches, correspondente da BBC News Brasil em Washington, e neste vídeo Eu explico essa queda de braço e por que
o impacto disso ainda é tão incerto Antes, só um contexto brasileiro, que vai
ajudar vocês a entenderem por que o caso Do Google no Canadá é emblemático O projeto de lei do Brasil prevê multas pesadas
pras redes sociais ou buscadores que não Tirarem do ar conteúdos possivelmente ofensivos
ou criminosos mesmo sem ordem judicial E algo chave aqui: obriga as big techs a pagarem
por clicks em links de sites jornalísticos Acessados por meio das plataformas A ideia, segundo os defensores do projeto,
seria criar uma internet mais segura e um Ambiente de negócios mais sustentável para
a imprensa, que vem perdendo audiência e Receita ano após ano Mas os críticos dizem que a nova lei acabaria
com o ambiente livre da web e promoveria censura E é aí que chego no Canadá Lá, o governo do premiê Justin Trudeau também
criou um projeto de lei pra que as big techs Pagassem veículos jornalísticos pelos cliques
em links que mostram em buscas ou nas páginas Dos usuários nas redes sociais O Canadá acreditava que assim protegeria
o jornalismo Desde 2008, o país viu fechar ao menos 450
veículos de imprensa Entre 2010 e 2022, rádios, revistas, canais
de televisão e jornais perderam quase 3,7 Bilhões de dólares em receita Por outro lado, anúncios online geraram US$
7,1 bilhões em lucro só em 2020 no país – e 80% desse valor se concentrou em apenas
duas big techs Mas quando a lei passou na Câmara, um teste
do Google limitou, por cinco semanas, o alcance De links jornalísticos a 3,3% dos usuários
canadenses Na prática, mais de 1 milhão de pessoas
deixaram de receber notícias no resultado De suas buscas A revelação do teste, no fim de fevereiro,
enfureceu o governo e levantou a seguinte questão: Será que, ao serem forçadas a pagar por
conteúdos que recomendam, as big techs poderiam
Simplesmente deixar de linká-los ou exibi-los
nas páginas dos usuários? Veja só o que disse o Justin Trudeau: O Google nega que tenha feito o experimento Para ameaçar o governo canadense, protestar
contra o novo projeto de lei ou burlar potenciais Novos custos Segundo a empresa, era um estudo para explorar
as prováveis novas condições de mercado Eu conversei com a Jennifer Crider, chefe
global de Comunicações do Google Ela me disse o seguinte: Recentemente, executivos do Google tiveram
que testemunhar sobre o caso no Congresso canadense E olha só: A empresa encarou uma reação parlamentar
parecida e quase ao mesmo tempo no Brasil, Depois que o presidente da Câmara, Arthur
Lira tirou o PL das Fake News da pauta diante De um risco de derrota Pesou especialmente pra isso a articulação
do Google, que chegou a postar um link em Sua página inicial com o seguinte título:
“PL das Fake News pode piorar sua internet” Lira acusou a empresa e as demais big techs
de usarem de instrumentos de impulsionamento Ou de limitação do alcance de postagens
para desvirtuar a discussão contra o projeto de lei As plataformas negam que tenham atuado para
direcionar o debate público brasileiro Deputados discutem agora desmembrar o PL das
fake News em vários outros projetos de lei Pra tentar avançar com ao menos parte do
conteúdo Eu perguntei ao Google se a plataforma poderia
adotar no Brasil o que fez no Canadá, ou seja, Limitar o acesso a notícias
A Jenniffer Crider me disse o seguinte: Por trás dessa polêmica está a questão
de quem paga a conta e como a paga O diagnóstico do governo do Canadá, que
encontra eco no Brasil, é de que buscadores E mídias sociais são predatórios: os jornais
definham tentando produzir o conteúdo que é explorado pelas big techs, que recebem
a audiência e os recursos de propaganda Olha só o que me disse a Laura Scaffidi,
secretária de comunicação do Ministério da Herança Canadense E responsável pela pelo projeto de lei A lei canadense é inspirada na experiência da Austrália, Que, em 2021, se tornou o primeiro
país a forçar Google e Facebook a remunerar O trabalho jornalístico – ou por meio de
negociações diretas com as publicações Ou com a intermediação de um árbitro que
definiria o montante a ser pago No fim de 2022, o Departamento do Tesouro
australiano publicou um relatório que classificou A aplicação da lei como “bem-sucedida”
por ter gerado ao menos 30 acordos de remuneração
à imprensa local e nacional Abre aspas: Por outro lado, as big techs argumentam que
as leis não determinam compromissos claros, Valores específicos e não definem nem quem,
afinal, produz jornalismo Elas discordam de que fragilizam a imprensa
e dizem que a tentativa de interferência Governamental pode destruir a web A Jennifer Crider, do Google, me diz o seguinte: As big techs ainda argumentam que o modelo
de pagamentos por link pioraria a qualidade Jornalística, já que as publicações privilegiariam
títulos sensacionalistas, grande profusão De links com materiais incompletos e “clickbaits”,
ou seja, títulos caça-cliques, apenas para Ganhar mais dinheiro O Google sugere a adoção do que foi feito em Taiwan Em março deste ano, a empresa anunciou um
fundo de quase US$ 10 milhões ao longo dos Próximos três anos para incentivar a competição
entre os veículos taiwaneses e desenvolvê-los O próprio Google estima que as receitas de
publicidade para meios de comunicação tradicionais Em Taiwan caíram 70% de 2003 a 2020, mas
diz que não é o causador do problema, E sim parte da solução É isso, gente
Essa discussão só aumenta no Brasil e no mundo, E a gente vai continuar acompanhando
Obrigada pela audiência e até a próxima Tchau