Os possíveis impactos de motim de mercenários russos do Wagner

Os possíveis impactos de motim de mercenários russos do Wagner

Foram cerca de 24 horas em que a autoridade
de Vladimir Putin foi questionada de forma Inédita.  Yevgeny Prigozhin , chefe do grupo mercenário
Wagner e peça-chave russa na Ucrânia, anunciou Um motim contra o comando militar da Rússia
e o que ele chamou de Marcha pela Justiça Em direção a Moscou.  A rebelião teve um fim tão repentino quanto
seu começo. Eu sou Vitor Tavares, da BBC News Brasil,
e neste vídeo eu exploro quais podem ser As consequências para Putin e para a guerra
na Ucrânia.     
Lembrando que Prigozhin era, pelo menos até A última semana, uma das pessoas mais influentes
da Rússia.  A gente fez um vídeo contando como esse homem,
que passou a vender cachorro quente após Passar 10 anos preso, virou fornecedor de
alimentação para escolas, Exército e até O Kremlin. Ele ainda esteve a frente do Patriot, um conglomerado
midiático pró-governo russo.  E o mais importante: construiu um Exército
privado com amplos tentáculos comerciais Pelo mundo, sempre alinhados aos interesses
do Kremlin.   Seus soldados têm participado de ações
na África e também na Síria, por exemplo. Lá, o grupo, além de combater, protegia
os campos petrolíferos controlados pelo governo Sírio – e, por isso, recebia parte do arrecadado
com a exploração.   Com a invasão da Ucrânia, o Wagner passou
a lutar no país ao lado do exército russo. Prigozhin inclusive foi a público recrutar
prisioneiros para entrar no grupo, não importando O crime que tinham cometido.  No início do ano, o governo americano estimou
que cerca de 80% dos combatentes do Wagner Na Ucrânia tinham saído de prisões.  O grupo tem protagonizado várias batalhas
brutais da Rússia na Ucrânia.  Recentemente, anunciou ter o controle da simbólica
cidade de Bakhmut, após meses de batalhas Sangrentas.   
Mas o que aconteceu para Prigozhin se virar Contra o governo russo?  Ao acumular tanto poder, ele passou a rivalizar
com a elite militar de Moscou e a disputar Influência com as Forças Armadas da Rússia
– mais especificamente com o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o comandante da ofensiva
na Ucrânia, Valery Gerasimov.   

 
Prigozhin acusa o Exército de ineficiência, De erros na guerra e falta de apoio adequado
ao grupo. Ele chegou a publicar um vídeo no fim de
semana alegando, sem provas, que suas tropas Haviam sido atacadas pelo próprio exército
russo.   
Mas antes disso, ele já vinha demonstrando Irritação com um plano do Ministério da
Defesa para obrigar, abre aspas, "formações Voluntárias" a assinarem contratos com o
governo.   
Segundo Vladmir Gelman, professor da Universidade De Helsinki, essa mudança faria com que ele
perdesse parte importante de seus recursos E influência política.    
A insurreição da última semana marcou o Auge dessa disputa.   Os homens de Prigozhin brevemente tomaram
o controle da cidade russa de Rostov-on-Don, Onde está a sede do comando encarregado de
repelir a contraofensiva da Ucrânia.  O objetivo era marchar até Moscou. O mundo parou para tentar entender o que significava
tal guinada na atuação do grupo.       
Mas horas depois, Pregozhin afirmou que esse Avanço seria interrompido para evitar derramamento
de sangue.   Segundo relatos, ao menos um helicóptero
militar russo já tinha sido derrubado durante A crise.  Pouco se sabe do que de fato foi acordado
entre ele e o Kremlin, só que ele foi despachado Para Belarus, país governado por um aliado
de Vladimir Putin.  Embora Prigozhin tenha dito que seu alvo não
era Putin e que não planejava um golpe de Estado, o presidente russo acusou o agora
ex-aliado de traição e de ter dado, entre Aspas, uma “facada nas costas” da Rússia.     
Com a situação mais ou menos sob controle, A TV estatal russa mostrou o ministro da Defesa,
principal alvo de Prigozhin, visitando tropas Na Ucrânia. Mas não se sabe com certeza quando essas
imagens foram feitas. Mesmo assim, isso foi visto como um sinal
de que ele continua no posto até segunda Ordem.   
Ainda não está claro se o líder dos mercenários

Será punido, e essa incapacidade de claramente
punir o homem por trás de um motim de tal Magnitude foi interpretado por analistas internos
e externos como um sinal de enfraquecimento De Putin.   O incidente pôs em xeque também a estratégia
russa de terceirizar recursos militares expressivos Por meio do grupo de mercenários. Acreditava-se que esses grupos estivessem,
no fim das contas,  sob controle do Kremlin, Mas esse incidente mostrou que não é bem
assim.    
     
E que consequências isso tudo pode ter entre Os russos?  É difícil prever. O fato é que críticas, que costumam ser
abafadas na Rússia, ganharam palco global E não passaram despercebidas também na Rússia.  Segundo o filósofo político, Grigory Yudin,
muitos russos têm ideias diferentes sobre Qual, afinal, é o erro de Putin. Alguns acham que ele não deveria ter começado
o que a Rússia não chama de guerra, mas De operação especial. Outros acham que o país deveria ter,  na
verdade, uma estratégia militar mais agressiva. Há críticas também sobre a liderança militar.   O fato é que Prigozhin foi uma espécie de
vetor de diferentes críticas. O que acontece agora com essas visões é
uma pergunta ainda sem resposta.    
Segundo o jornalista russo Konstantin Remchukov, Que é editor-chefe de um jornal moderadamente
crítico ao Kremlin, o que ele vê como um Enfraquecimento de Putin, junto das enormes
pressões militares e econômicas relacionadas à guerra da Ucrânia, pode fazer com que
a elite política e econômica da Rússia Comece a se questionar.     
  É importante falar que isso não quer dizer
que uma eventual troca de comando na Rússia Seja iminente.   Afinal, Putin passou as duas últimas décadas
construindo uma forte estrutura de poder.   Inclusive, uma reação possível é que o
regime de Putin se torne mais autoritário, Para expurgar figuras que ele não enxergue
mais como aliados incondicionais.  

Por enquanto, o primeiro-ministro da Rússia,
Mikhail Mishustin, convocou os russos a se Unirem em torno de Putin e disse que o governo
russo agiu “harmonicamente” para garantir A estabilidade do país depois da rebelião
do Wagner.     
E como isso pode refletir na guerra? É muito cedo para prever, mas, o mesmo dia
do motim, o Kremlin afirmou que o episódio Não vai afetar a ofensiva militar russa na
Ucrânia. Continua em curso, também, o plano de absorver
os até 60 mil mercenários do Wagner ao Exército Formal da Rússia. O governo russo decidiu deixar essa opção
aberta inclusive aos combatentes que participaram da ação  
Não está claro ainda qual vai ser o grau De adesão aos planos da Rússia e o que vai
acontecer com a operações na Ucrânia que Contam hoje com a participação do combatentes
do grupo.  Alguns analistas veem esse possível vácuo
como um período de fraqueza da Rússia, que Pode ser explorado pela Ucrânia.   Lembrando que o país pôs em ação uma contraofensiva
para tentar recuperar parte do território Ocupado pelos russos.  O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky,
declarou o seguinte:  “A fraqueza da Rússia é óbvia. (…) Quanto mais a Rússia mantiver tropas
e mercenários em nossa terra, mais caos, Dor e problemas ela terá para si mesma mais
tarde”.  Já o chefe do Exército do Reino Unido, general
Patrick Sanders, é mais cauteloso.  Ele disse à BBC que, apesar dos eventos do
último fim de semana, a Rússia nunca deve Ser subestimada.  Joseph Borrell, chefe de política externa
da União Europeia, diz que o motim do grupo Wagner, mesmo tendo sido abortado, evidencia
uma rachadura no comando militar russo.   Nas palavras de Borrell: 
“O monstro que Putin criou com o Wagner Agora está se voltando contra o seu criador”.  O problema, como agregou o próprio Borrell,
é que não é bom ver uma potência nuclear Como a Rússia entrar em um período de instabilidade
política.    
 A gente vai seguir acompanhando por aqui. Você encontra mais notícias sobre a Rússia e a guerra na Ucrânia no nosso canal no YouTube, nas redes sociais e em bbcbrasil.com. Obrigado e até a próxima

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