O que Putin queria ao invadir Ucrânia e o que alcançou em um ano
Em 24 de fevereiro de 2022, as forças russas
fizeram o que o mundo temia: invadiram a Ucrânia, Dando início ao que Vladimir Putin definiu
como uma "operação militar especial". Um ano depois, essa incursão em grande
escala se converteu numa guerra prolongada, Com dezenas de milhares de mortos e
mais de 13 milhões de desabrigados. Um conflito que provocou uma crise econômica Global e trouxe de volta os
temores de uma ameaça nuclear. Mas como se chegou até esse ponto? Eu sou Giulia Granchi, da BBC News
Brasil, e neste vídeo eu falo sobre O que Putin buscava ao invadir a Ucrânia
e o que ele conseguiu em um ano de guerra. As imagens das tropas e dos
tanques russos avançando em Território ucraniano surpreenderam o mundo. Os dois países mantinham um conflito aberto
desde 2014, quando a Rússia anexou a península Ucraniana da Crimeia e apoiou a ocupação
da região do Donbas por forças pró-russas. Mas com a invasão, a guerra
entrava em uma fase diferente. SONORA ZELENSKY
Vamos defender nosso país No início, Putin disse que o objetivo era
“desmilitarizar e desnazificar” a Ucrânia. Segundo ele, sua missão era proteger as pessoas Contra o que ele classificou como um
genocídio contra a população do Donbas. Veja só que Putin disse: Mas não existem evidências
que provem essas acusações. E o que era, segundo Putin, uma operação
rápida para liberar a Ucrânia enfrentou uma Resistência forte. Que inclusive
obrigou seu exército a recuar de Algumas de suas posições iniciais, que
incluíam áreas no entorno capital Kiev. Mas então, o que a Rússia
conseguiu em um ano de guerra? Com a contraofensiva ucraniana, a Rússia
precisou recuar de outras cidades importantes, Como Kharkiv e Kherson – esta última no sul. Com isso, seu principal objetivo passou a ser
o que eles chamam de “liberação do Donbas”. E apesar dos revezes, a maior
conquista da Rússia é a porção Do território ucraniano que ela controla hoje. Olha só este mapa: essa era a
Ucrânia um dia antes da invasão. Em amarelo, os territórios do Donbas em mãos de
forças pró-russas e a Crimeia, anexada em 2014. Já esse mapa, de março de 2022, mostra o
avanço das forças russas sobre o território Após a invasão. Incluindo áreas
do sul, oeste e norte da Ucrânia, Chegando inclusive aos arredores da capital Kiev.
Meses depois, a Rússia mudou de estratégia e
passou a se concentrar no leste. E em setembro De 2022, consolidou seu poder em Donbas com a
anexação ilegal de quatro territórios ucranianos. Com isso, conseguiu estabelecer uma
ligação terrestre que vai da fronteira Da Rússia até a Crimeia, incluindo
as cidades de Mariupol e Melitopol. Olha só como está a situação neste mês. Marcados em roxo, estão os
territórios recuperados pela Ucrânia. E o mar de Azov, passando pelo estreito de Kerch,
virou uma espécie de mar interno da Rússia. Mas vamos voltar na ideia inicial expressada
por Putin, a da tal desnazificação da Ucrânia. Para muitos analistas, o que Putin
realmente buscava com isso era uma Espécie de contra-ataque contra a aproximação Entre a Ucrânia pós-soviética e o chamado
mundo ocidental – Europa e Estados Unidos. Vale lembrar que, meses antes,
o governo da Ucrânia tinha dado Início a um processo de adesão à
Otan, a aliança político-militar Liderada pelos Estados Unidos e
que reúne as potências ocidentais. Putin sempre definiu essa aproximação
como uma ameaça a seu território, Embora não existissem indícios de agressão. A Rússia reprova a expansão da Otan como um
todo nas últimas décadas – quando a aliança Chegou aos países do Leste Europeu,
mais próximos de sua fronteira. Desde a sua criação, em 1949,
a Otan foi de 12 a 30 países. E já antes da guerra, Putin
exigia que a aliança recuasse Dessa expansão e retirasse suas forças e
infraestrutura militar da Europa Central, Do Leste Europeu e do Báltico, regiões que eram
área de influência da extinta União Soviética. Do lado ocidental, o argumento é que a expansão Da Otan surgiu como resposta
às ameaças vindo da Rússia. A própria aliança sustenta que nunca tinha
tido a intenção de colocar tropas em seu Território oriental até que a Rússia
anexou ilegalmente a Crimeia, em 2014. E depois da invasão russa à Ucrânia,
países como Suécia e Finlândia, Que tinham historicamente adotado uma posição
de neutralidade, pediram para entrar na Otan. A aliança tem reiterado que não vai mandar
tropas para lutar pela Ucrânia nessa guerra, Já que formalmente o país não pertence ao grupo. Mas muitos de seus Estados-membros
têm enviado apoio militar à Ucrânia. Cada vez mais tanques, sistemas de
defesa aérea, sistemas de mísseis, Artilharia e drones têm chegado
para ajudar na defesa ucraniana. Agora, se o objetivo da Rússia era a
neutralidade da Ucrânia e diminuir a
Influência do Ocidente no país, o resultado
até agora tem sido praticamente o oposto. Quatro meses depois da invasão, em 2022,
a União Europeia deu à Ucrânia o status de Candidata a entrar no bloco. E a Ucrânia vem
pressionando para ser aceita o mais rápido. Quando o assunto é a Otan, embora a Ucrânia
continue não sendo um membro oficial, A relação está mais próxima do que nunca, Como a gente vê com o envio de armas
para que o país se defenda da Rússia. E a guerra também expôs as fragilidades
do exército russo. O se prometia ser Uma ação rápida e fácil virou
uma guerra ampla e sangrenta. E após a destruição de cidades como Mariupol, no
sul, e Bucha, perto de Kiev, surgiram evidências De crimes de guerra contra civis. Por tudo
isso, a Rússia tem sido acusada de genocídio. E embora pareça que o país tem resistido às fortes
sanções internacionais, sua economia foi atingida. Mas como a Rússia tem um papel de
protagonista no mercado mundial de energia, Não foi atingida sozinha. A guerra
também colaborou com uma crise de Inflação que hoje afeta muitas economias do mundo. A pior parte, sem dúvida nenhuma,
ficou com a população ucraniana, Presa no meio de uma guerra
ainda sem sinal de fim. Por hoje eu fico por aqui. Aqui
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