O que emperra a solução de dois Estados para israelenses e palestinos?
O mundo foi abalado pela violência sem precedentes
em Gaza e em Israel. E isso deu origem a uma nova onda de apelos
por uma solução para o conflito de décadas Entre Israelenses e palestinos. A solução de dois Estados criaria um Estado independente da Palestina Mas depois de décadas de fracassos, essa
ainda é uma solução viável? A solução de dois Estados criaria um Estado
independente da Palestina Mas para Israelenses e palestinos viverem
lado a lado em seus próprios Estados independentes, Ambos teriam que reconhecer o direito do outro
a existir. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu,
é contrário à independência palestina E se opôs à solução de dois Estados ao
longo de sua trajetória política. Ele mostrou um mapa de Israel na ONU neste
ano… … que não incluía as áreas palestinas,
gerando acusações de provocação. No mesmo discurso, ele acusou os palestinos
de não reconhecerem o Estado de Israel Do outro lado do conflito, o Hamas – visto
por alguns palestinos como um movimento de Resistência e classificado como grupo terrorista
por vários países – rejeita o direito de Israel à existência. O grupo apoia o que descreve como resistência
armada contra o Estado judeu. Mas o Hamas não é a única voz política
palestina. Até 2006, a ANP, Autoridade Nacional Palestina,
controlava tanto a região da Cisjordânia Quanto a Faixa de Gaza. Mas depois das eleições daquele ano, vencidas
pelo Hamas, houve uma cisão, com o Hamas Assumindo o controle em Gaza e a ANP mantendo
o poder na Cisjordânia. A ANP há tempos apoia a solução de dois
Estados e reconhece Israel. Mas o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, diz
que Israel não atua mais como parceiro para a paz. Críticos do governo de Benjamin Netanyahu
dizem que a divisão entre os líderes palestinos é conveniente para os opositores da solução
de dois Estados. Netanyahu negou no passado as acusações
de que ele teria tentado fortalecer o Hamas. E outras vozes israelenses dizem que a paz
é impossível enquanto o Hamas pregar a destruição de Israel. Vários governos de Israel priorizaram a construção
de assentamentos ilegais em terras palestinas ocupadas. 2023 teve um recorde nas construções de
assentamentos na Cisjordânia, segundo a organização Israelense Paz Agora. Este mapa mostra em vermelho o crescimento
dos assentamentos judaicos entre 1969 e 2023. Essas são as colônias aprovadas pelo governo
israelense. Em azul estão as comunidades não autorizadas.
Sob a lei internacional, os assentamentos
como esse, conhecidos como Efrat, são ilegais. Mas Israel contesta isso. Para muitos palestinos, a questão dos assentamentos
é um grande obstáculo a um processo de paz significativo. A ideia de uma solução de dois Estados vem
desde o plano de partilha da ONU para a Palestina, em 1947. O plano propunha dividir o então território
sob mandato britânico em dois Estados separados. A maior parte seria alocada para um Estado
judeu e 43% da terra iria para um Estado árabe, Com um enclave internacional em Jerusalém. Os palestinos rejeitaram o plano, enquanto
grupos judaicos armados começaram a tomar Cidades e vilarejos. Ao fim da guerra, os israelenses dominavam
78% do território do mandato da Palestina. O episódio em 1948 se tornou conhecido pelos
palestinos como Nakba – ou a castástrofe – com centenas de milhares de pessoas deslocadas
de suas casas. Israel venceu outra guerra em 1967 e ocupou
o restante da região,… … incluindo a Cisjordânia e a Faixa de
Gaza, além de Jersualém Oriental. Mas o conflito continuou… Em 1993, o líder da Organização para a
Libertação da Palestina, Iasser Arafat, E o primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin,
assinaram os acordos de Oslo. Esses acordos previam uma solução de dois
Estados para encerrar o conflito. Rabin e o então ministro das Relações Exteriores
de Israel, Shimon Peres, anunciaram uma nova parceria. Mas os acordos de Oslo foram criticados por
oposicionistas linha-dura dos dois lados. E a promessa de um Estado palestino independente
foi destruída pelos eventos de novembro de 1995. O assassinato de Rabin por um extremista judeu
deixou o processo de paz em ruínas. Hassan Asfour era membro da delegação palestina
para os acordos de Oslo. Pra ele, os israelenses estavam divididos
sobre o acordo que Rabin negociou com Arafat. Depois da morte de Rabin, Netanyahu ganhou
projeção se opondo ao acordo e, para muitos, Estancando o progresso feito durante as negociações
de paz. A ata de fundação do partido de Netanyahu,
o Likud, diz que “entre o mar e o rio Jordão Haverá somente a soberania israelense” Ao longo dos muitos anos à frente do governo
de Israel, Netanyahu continuou a citar questões De segurança como principal argumento contra
a solução de dois Estados. Antes das eleições de 2015, ele rejeitou
totalmente a ideia de um Estado palestino. Está claro que Israel se moveu bastante à
direita desde os acordos de Oslo. O campo pacifista, antes vocal na oposição
à ampliação dos assentamentos, praticamente desapareceu. O número de cadeiras da esquerda no Parlamento
caiu de 56 em 1992 pra somente 4 em 2022.
O Parlamento israelense agora é dominado
por partidos de direita e por grupos religiosos. Os 2 partidos árabes têm só 10 cadeiras,
apesar de os árabes palestinos serem 20% Da população de Israel com direito a voto. Em uma pesquisa de opinião em 2023, 35% dos
israelenses disseram acreditar ser possível Israel e um Estado independente da Palestina
coexistirem pacificamente, enquanto 46% discordaram Para muitos na direita israelense, o máximo
que se admite é uma autonomia limitada dos palestinos. Do lado palestino, pesquisadores que entrevistaram
moradores da Cisjordânia e da Faixa de Gaza No começo de novembro de 2023 observaram
que só 17% dos palestinos apoiavam uma solução De 2 Estados. 68% dos entrevistados disseram que seu apoio
a essa solução tinha caído. O banho de sangue que se seguiu aos ataques
do Hamas a Israel no dia 7 de outubro voltou A colocar na agenda a busca de uma solução
duradoura para esse conflito Trinta anos depois dos acordos de Oslo, muitos
dos que participaram das negociações ainda Defendem reavivar a solução de 2 Estados. Mas até agora, todas as tentativas de retomar
o processo de paz fracassaram. Com a pressão de líderes mundiais para que
israelenses e palestinos voltem a negociar, As dúvidas continuam sobre se a solução
de dois Estados ainda tem alguma chance.