Mistérios e consequências de colapso de represa na Ucrânia
O rompimento de uma barragem ucraniana virou
o novo foco da guerra. Rússia e Ucrânia acusam uma à outra por
esse que já é um desastre ambiental e humano, E que também levanta preocupações com uma
usina nuclear e força os dois lados a recalcular Os próximos passos da guerra. Eu sou Laís Alegretti, da BBC News Brasil
em Londres, e nesse vídeo explico o que se Sabe sobre o rompimento da represa de Kakhovka
e quais as suas consequências. As imagens da região de Kherson são dramáticas. Ao menos quatro cidades ou vilarejos foram
completamente inundados pelo rompimento da Represa, em 6 de junho. Milhares de pessoas foram evacuadas, e a Ucrânia
estima que 42 mil habitantes ainda estão Em áreas de risco. Outras centenas de milhares podem ficar sem
água potável. A represa de Kakhovka é uma entre seis barragens
construídas no rio Dnipro. Em Kherson, a margem ao sul é ocupada pela
Rússia, enquanto a Ucrânia controla a margem Ao norte. Os dois lados foram inundados pelo rompimento,
e as autoridades ucranianas dizem que não é possível restaurar a barragem. Nova Kakhovka, onde fica a represa, é uma
cidade sob ocupação russa. E uma das perguntas sem resposta é: quem
destruiu a represa? A Ucrânia e seus aliados da Otan – a aliança
militar ocidental – acusam a Rússia de ter Atacado e bombardeado a barragem para atrapalhar
uma contraofensiva militar ucraniana. Já a Rússia acusa a Ucrânia de sabotagem,
ou seja, de ter danificado a represa para Desviar as atenções da contraofensiva e
privar a Crimeia de água potável. Lembrando que a Crimeia era uma península
ucraniana que foi anexada pela Rússia em 2014, e na guerra tem servido de
acesso estratégico ao Mar Negro. Os prejuízos ecológicos vão além de cenas
bizarras como esta, de cisnes nadando pelas Ruas de Nova Kakhovka. E devem ser sentidos por décadas. De um lado, a represa inundou reservas ambientais
da Ucrânia e milhares de hectares de terras Agrícolas, que ficaram destruídas. Segundo o presidente Volodymyr Zelensky, as
águas também foram contaminadas por lubrificante Industrial durante o vazamento. Várias regiões ficarão sem a água que
vinha da represa, inclusive grandes plantações De grãos que ainda são exportados como fonte
de alimento para o mundo inteiro.
Um temor é que, sem irrigação, 500 mil
hectares de terras sofram com a desertificação Nas próximas décadas. E uma das maiores preocupações é com a
usina nuclear de Zaporizhzhia, atualmente Sob controle da Rússia. O motivo é que os reatores da usina precisam
ser resfriados com água, que vem da represa. A Agência Internacional de Energia Atômica
diz que monitora a situação e que, até O momento, não há riscos iminentes de um
desastre nuclear. Segundo a agência, se o nível da represa
baixar demais e não for mais possível bombear água para a usina, vai ser preciso buscar
fontes alternativas, como um lago próximo. De modo geral, Martin Griffiths, da ONU, resume
da seguinte forma. Ele diz que desastre… …“terá consequências
graves e amplas para milhares de pessoas no Sul da Ucrânia nos dois lados da linha de
batalha, por causa da perda de casas, comida, água limpa e meios de sobrevivência”. E quais os impactos disso para a guerra? Analistas afirmam que a rodovia que passava
por cima da represa poderia ser parte de um Plano da Ucrânia para transportar suas tropas
até áreas sob controle russo, como parte Da contraofensiva para tentar recapturar esses
territórios. Esse, aliás, é um dos argumentos usados
para justificar um possível interesse da Rússia em bombardear a barragem. Não seria a primeira vez: a Rússia já bombardeou
algumas represas durante a guerra, causando Inundações e interrupções no suprimento
de energia elétrica, embora não em proporções Tão grandes como agora. Mas o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov,
negou qualquer envolvimento russo no episódio De Kakhovka e, como eu disse antes, acusou
a Ucrânia de tentar bloquear o acesso vital De água potável para a Crimeia. Lembrando que, em 2014, depois da anexação
da península, a Ucrânia de fato bloqueou Os canais que transportavam água de Kakhovka
para a Crimeia. Esses canais tinham sido reabertos pela Rússia
após a invasão. Frank Gardner, especialista em segurança
da BBC, diz que o ponto principal agora é Que a destruição da represa bagunçou o
já complexo tabuleiro estratégico no sul da Ucrânia. Isso porque vai forçar os dois lados a ajustar
seus próximos passos. Do lado russo, a inundação de terras forçou
a evacuação para o Leste tanto de militares quanto civis Que estavam em Kherson, que eles dominam,
para o leste. Do lado ucraniano, as inundações podem atrasar
parte da contraofensiva ao dificultar o acesso
Das tropas e tanques a áreas sob controle
russo. A gente vai seguir acompanhando os desdobramentos
por aqui. Fique de olho no nosso canal de YouTube, redes
sociais e bbcbrasil.com. Obrigada pela audiência e até a próxima.