Lukashenko: como o ‘último ditador da Europa’ se mantém há tanto tempo no poder?
É um político obcecado pelo poder O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko,
está completando 30 anos no poder. O que faz dele Um dos líderes políticos mais longevos do mundo
Isso acabou sendo o maior dos problemas, Porque políticos obcecados pelo poder
não deixam o governo por vontade própria Ele foi eleito em 1994, e desde então
ninguém além dele foi presidente de Belarus Então como é que um jovem político eleito Democraticamente acabou conhecido
como o último ditador da Europa? Filho de uma mãe solo na antiga república
socialista soviética da Bielorrússia, Lukashenko cresceu em situação de quase pobreza Ele serviu o Exército e rapidamente escalou
a hierarquia do Partido Comunista da época Os meados dos anos 1990
foram uma época sem igual Era uma época em que um grande
império estava em colapso e as Pessoas tinham grandes expectativas Havia uma demanda por mudanças Em 1994, Lukashenko concorreu na primeira de uma
série de eleições presidenciais da sua carreira Ele fez promessas que agradavam às pessoas:
enfrentar a corrupção, restaurar laços lucrativos Com Moscou e assim por diante
Ele queria passar uma boa imagem de si mesmo Lukashenko venceu em segundo turno, com mais
de 80% dos votos, na que é considerada a única Eleição verdadeiramente democrática
da história de Belarus independente Assim que conquistou poderes reais,
Lukashenko começou a mudar rapidamente O debate público, que antes era livre, começou
a ser censurado. Políticos que trabalharam com Lukashenko começaram a notar mudanças
Ficou conhecida sua prática de resolver Muitas questões com mão de ferro
Esse era o método de persuasão dele Já no seu primeiro ano na Presidência,
Lukashenko começou a censurar a Imprensa – que reagiu publicando espaços
em branco no lugar das reportagens vetadas Ele disse aos repórteres que, a partir de
agora, a imprensa em Belarus seria livre Mas sabemos como isso terminou
Desde 2020, o presidente Belarusso tenta impedir o funcionamento
de qualquer mídia que não seja controlada Pelo Estado. Muitos jornalistas foram
expulsos do país, e dezenas estão presos Lukashenko também voltou suas
atenções para a Constituição Em 1995, menos de um ano depois da sua
posse, ele realizou um plebiscito para Abolir o status oficial da língua belarussa
Lukashenko decidiu até tornar o russo uma das Línguas oficiais do país, levando
ao declínio do idioma belarusso Enquanto isso, ele também se aproximava da Rússia
A princípio, só por motivos econômicos Mas daí ele também começou a integrar
isso muito intensamente à esfera política
Em 1996, Lukashenko começou uma
ofensiva em defesa do direito Do presidente de dissolver o Parlamento,
chamado em Belarus de Conselho Supremo Se olharmos para a biografia política dele antes
de 1996, Lukashenko era um presidente legítimo Lukashenko criou mais um plebiscito, Para expandir os poderes presidenciais –
enquanto limitava os poderes do Parlamento E apesar da resistência de políticos próximos
e até de protestos populares, as propostas do Plebiscito foram amplamente implementadas
Esse foi provavelmente um avanço Drástico rumo a um regime ditatorial
As primeiras sanções internacionais contra Belarus aconteceram depois do plebiscito de 1996
e foram impostas por países vizinhos da Europa Desde então, Lukashenko e seu regime
são alvo de algum tipo de sanção No início do século 21, poucas pessoas duvidavam
da intenção de Lukashenko de se manter no poder É um modelo de governo de controle total,
não só do Parlamento, como do sistema Judiciário e do país inteiro
Em 2004, Lukashenko fez mais um Plebiscito – desta vez, acabando com o limite
de dois mandatos para presidentes. Com isso, Ele pode permanecer no poder indefinidamente
Ele concorreu à Presidência cinco vezes desde A sua primeira eleição. E, segundo dados
oficiais, venceu sempre com a maioria Esmagadora de mais de 70% dos votos
No entanto, muitas potências ocidentais Consideraram essas eleições nem livres, nem
justas. Por isso, não reconhecem Lukashenko Como um líder democraticamente eleito
Não que ele se importe com isso Apesar dessas vitórias aparentemente
esmagadoras nas urnas, as eleições sempre Foram seguidas de protestos nas ruas – mas que são
rapidamente suprimidos pelas forças de segurança Até 2020
Depois do dia de eleição, A sociedade belarussa evoluiu para além da
abordagem antiquada [de Lukashenko] à economia E à política em 2020
As pessoas não estavam Mais passando fome e queriam liberdade
Elas se uniram em torno da única pessoa Autorizada a desafiar Lukashenko
nas eleições: Svetlana Tikhanovskaya Ela havia acabado de entrar na política,
substituindo o marido nas cédulas de votação Ele tinha sido impedido de
concorrer e depois foi preso Tikhanovskaya hoje está no exílio,
e ela também foi condenada à prisão Mesmo estando fora do país As pessoas tomaram as ruas em 2020 Para exigir nada além de eleições justas
Muitos foram forçados a deixar o país, E muitos foram presos
Algumas estimativas sugerem Que havia centenas de milhares de pessoas
protestando apenas nas ruas da capital Minsk Mas, em entrevista à BBC, Lukashenko afirmou
que eram no máximo 46 mil manifestantes
Um ano e meio depois, Belarus voltou às
manchetes globais, por abrigar tropas russas Acho que [Lukashenko] não ousou
negar esse pedido, mas não queria Ele entendia que, se não fizesse
isso, Putin ficaria muito bravo E isso levaria à perda de poder do próprio Lukashenko
Por isso, ele escolheu o menor dos males Embora Belarus não esteja oficialmente
envolvida na guerra com a Ucrânia, Minsk é, Na prática, uma base a partir de onde
Putin lançou a guerra nos dias iniciais Ele claramente não queria [se envolver]
Afinal, Belarus tinha uma boa parceria Comercial com a Ucrânia
Ele dizia que: ‘se eu for até vocês, Não será com tanques, mas com tratores’
E então os tanques partiram de Belarus Hoje, a Belarus de Lukashenko se vê no
centro de uma nova crise internacional O país faz fronteira com três membros da
União Europeia: Letônia, Lituânia e Polônia Isso faz do país uma rota atrativa para
migrantes que tentam chegar à União Europeia Lukashenko tem sido acusado de tirar
proveito dos migrantes, usando-os como Retaliação às sanções que recaem sobre si
Ele declarou à BBC que não pretende impedir Os migrantes que veem em Belarus
uma porta de entrada para a UE O mais longevo líder político da
Europa não dá sinais de recuar Seu regime cada vez mais autoritário rendeu a
ele o apelido de último ditador da Europa. Os Belarussos foram enfrentando restrições
crescentes nas liberdades individuais A cada novo mandato de Lukashenko
Mas como esse poder pode ser mantido? Acho que, independentemente de em
qual mundo Lukashenko se enxergue, Sempre haverá um grande número de pessoas que
sentem apenas emoções negativas contra ele E mesmo assim Lukashenko confirmou
que concorrerá novamente nas eleições Presidenciais de 2025 – a sétima dele.
Esse é o drama e a tragédia de Belarus hoje: O governante agarrou o poder e não quer soltar