Igrejas evangélicas: o que explica proliferação de templos no Brasil?

Igrejas evangélicas: o que explica proliferação de templos no Brasil?

O Brasil tinha pouco mais de 17 mil 
templos evangélicos em 1990. Em 2019,   Esse número ultrapassou 109 mil e 500, segundo um 
levantamento publicado recentemente. Só no último   Ano da pesquisa, isso significou uma média de 
17 novos templos abertos por dia. Eu sou Camilla Veras Mota, da   BBC News Brasil e neste vídeo explico, em quatro 
pontos, alguns fatores-chave que explicam essa   Multiplicação – e que vão além do enorme 
crescimento da população evangélica no Brasil. Os dados que embasam este vídeo foram coletados 
pelo pesquisador Victor Silva. Ele analisou o   Crescimento das igrejas evangélicas em uma 
série de cem anos, a partir de 1920, com base   Em dados de CNPJ, um cadastro que as entidades com 
personalidade jurídica precisam fazer pra operar   No Brasil. Victor identificou que o primeiro 
templo evangélico foi aberto em 1922. Em 1970,   Eram 864. Meio século depois, estamos em quase 110 
mil. Em paralelo, os evangélicos passaram de 9%   Da população, em 1990, para 22,2%, em 2010. E os 
dados do Censo mais recente certamente vão indicar   Uma fatia maior. O demógrafo José Eustáquio Diniz 
Alves explicou para o jornalista Rone Carvalho,   Autor da reportagem que deu origem a esse vídeo, 
que as previsões indicam que os evangélicos devem   Ultrapassar os católicos por volta de 2030 
e virar a religião majoritária no Brasil. E qual o papel dos templos nesse fenômeno – e como 
eles se expandiram tanto? Vamos ao primeiro ponto:   Em qualquer religião, templos são espaços 
fundamentais de encontros de fiéis e de   Vida comunitária. No caso igrejas das 
evangélicas, eles têm também o papel   Crucial de atrair e fidelizar aquelas pessoas 
que podem ter tido algum contato com a igreja   Pela televisão. O demógrafo José Eustáquio cita 
uma pesquisa feita no Estado do Rio de Janeiro   Que identificou que os evangélicos já eram 
maioria em relação aos católicos nas regiões   Onde havia igrejas evangélicas às margens de 
rodovias ou avenidas importantes, ou seja,   Onde estavam bem acessíveis pra população. O 
especialista afirma que o crescimento dos templos   Evangélicos no Brasil também tem relação 
com o êxodo rural que deslocou milhões de   Pessoas do campo para a periferia das grandes 
cidades brasileiras nas décadas passadas. E,   Como afirma o Victor Silva, nas periferias do país 
as igrejas evangélicas acabam prestando serviços   De assistência social e ocupando espaços 
em que o Estado brasileiro está ausente. A legislação brasileira também teve um 
papel crucial nessa expansão. Primeiro,   A Constituição de 88 garantiu a isenção de 
impostos a igrejas e templos religiosos. Depois,   O presidente Luiz Inácio Lula da 
Silva, ainda no seu primeiro mandato,   Facilitou a abertura de igrejas com uma lei de 
2003, que na prática impede o Estado de negar   Um registro a uma organização religiosa. Com tudo 
isso, nas palavras do demógrafo José Eustáquio,   “ficou mais fácil abrir uma igreja 
do que uma empresa no Brasil”. O terceiro ponto talvez surpreenda 
muita gente, mas o maior ciclo de   Crescimento de templos evangélicos não 
aconteceu em períodos de crise econômica,  

Mas sim de bonança na economia brasileira. 
Segundo o estudo da USP, o maior boom de   Templos evangélicos aconteceu entre os anos 
2000 e 2016, antes de a economia brasileira se   Deteriorar. Por que isso aconteceu? Bom, além 
da mudança legal promovida por Lula em 2003,   Victor Silva explica que é durante os ciclos de 
crescimento que as famílias, principalmente as   De baixa renda, têm mais renda excedente para 
pagar os dízimos e as ofertas para as igrejas. Para concluir: da mesma forma que cresceu, o 
protestantismo brasileiro também se tornou mais   Diverso nas últimas décadas. Os pesquisadores hoje 
dividem os protestantes em três grandes grupos:   Um, os missionários, ou tradicionais, mais 
diretamente ligados ao protestantismo europeu   Que surgiu no século 16 Dois, os pentecostais, 
que são majoritários no Brasil, E três,   Os neopentecostais, que têm mais ênfase na 
chamada Teologia da Prosperidade. E existem   Mais de 25 mil templos no Brasil de igrejas 
evangélicas que não se encaixam em nenhuma   Dessas três ramificações. O Victor Silva destaca 
que, especificamente no caso das pentecostais,   Elas tiveram uma enorme capacidade de se 
adaptar ao público brasileiro: usam uma   Linguagem acessível nos cultos e rapidamente 
integram as pessoas das comunidades locais   Na estrutura e na organização das igrejas. 
O pesquisador acha, também, que elas são,   Entre aspas, “menos hierarquizadas e elitistas”. 
E por esse motivo teriam rapidamente proliferado   Nas periferias dos grandes centros urbanos. Para 
Nina Rosas, especialista em estudos da religião,   Com tamanho crescimento das igrejas evangélicas, 
é impossível não achar que a abertura de templos   Tenha virado uma espécie de modelo de negócios. 
Mas ela agrega, entre aspas: “Não podemos perder   De vista o fato de os evangélicos, hoje em dia, 
serem um grupo crescente, de grande participação   Na política formal, ocupando diversos postos de 
poder e também produtores de cultura. Portanto,   Faz parte da dinâmica de um segmento que cresce 
se estruturar (como um modelo de negócio).” Com   Isso eu fico por aqui. A gente tem produzido 
mais conteúdo sobre religiões. Dá uma olhada   No nosso canal no YouTube, nas redes sociais 
e em bbcbrasil.com. Obrigada e até a próxima.

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