Fungo descoberto no Brasil se espalha e preocupa cientistas

Fungo descoberto no Brasil se espalha e preocupa cientistas

Até os anos 1990, o fungo Sporothrix 
brasiliensis era desconhecido e inofensivo.   Mas de uma hora para outra, virou um 
problema de saúde pública que só aumenta.  Sou André Biernath, repórter da BBC News Brasil em 
Londres, e neste vídeo vou explicar o que está por   Trás dessa epidemia, que ainda é pouco conhecida.
Primeiro, conto o que se sabe   Sobre esse micro-organismo.
Os fungos do gênero Sporothrix foram   Identificados a partir de 1898. Eles aparecem 
principalmente no solo e em algumas plantas.  Essas espécies são fundamentais para 
decompor a matéria orgânica na natureza.  Mas, em alguns casos raros, podem 
causar doenças em seres humanos,   Conhecidas genericamente como esporotricose.
Ela é relativamente comum em pessoas que mexem   Com jardinagem. Em alguns lugares, 
é chamada de “doença da roseira”.  Acontece assim: geralmente, os fungos Sporothrix 
se infiltram nas camadas superficiais da pele. Aí,   Colonizam esse tecido subcutâneo 
e provocam feridas e micoses. Em   Casos mais raros, especialmente quando a pessoa 
está com o sistema imunológico enfraquecido, a   Infecção pode se agravar e atingir outros órgãos.
Várias espécies de Sporothrix são conhecidas. Mas   A que começou a chamar a atenção no Brasil 
ganhou o nome de Sporothrix brasiliensis.  A frequência de infecções por essa espécie 
passou a chamar a atenção no final dos anos   1990 em algumas localidades do Rio de Janeiro.
Entre 1998 e 2001, pesquisadores da FioCruz   Diagnosticaram 178 casos de esporotricose.
156 dessas pessoas tiveram contato em   Casa ou no trabalho com gatos que também 
estavam com a doença, e 97 levaram alguma   Mordida ou arranhão desses animais.
O médico Flavio Telles, da Sociedade   Brasileira de Infectologia, me explicou que, 
por algum motivo, esse fungo “pulou do solo”   E se adaptou bem aos gatos. Nos felinos, 
provoca ferimentos no rosto e nas patas.  Um gato infectado transmite a doença para os 
outros por meio de mordidas e arranhões, que   Fazem parte do comportamento natural deles. É como 
disputam territórios, alimentos e acasalamentos.  Eles também podem transmitir 
para cachorros e seres humanos.  Ah, e é importante deixar bem claro: os gatos 
não são os culpados pela esporotricose. Eles   São tão vítimas quanto os cães e os 
seres humanos — e essa doença não é   Motivo para maltratá-los ou sacrificá-los.
Mas chegando aos humanos: por que essa doença   Virou um problema de saúde pública?
Lembra que pesquisadores da FioCruz   Compilaram 178 casos no final dos anos 
1990? De lá para cá, os números subiram   Bem: o infectologista Flavio Telles me disse que 
já foram identificados no país mais de 12 mil   Casos de infecção por Sporothrix brasiliensis.
E a doença não está só no Rio de Janeiro:   Se espalhou para alguns Estados e até 
por outros países, como Argentina,   Paraguai, Bolívia, Colômbia e Panamá, com casos 
pontuais na Inglaterra e nos Estados Unidos. 

Isso aconteceu por meio da locomoção de animais, 
como gatos e ratos. Eles podem caminhar pelo   Território e atravessar fronteiras — ou ser 
transportados em contêineres de alimentos,   No caso dos roedores, ou nas mudanças 
de família, no caso dos felinos.  Segundo o microbiologista Marcio Lourenço   Rodrigues, da FioCruz Paraná, há uma 
associação direta entre a ascensão do   Sporothrix brasiliensis e a ocupação do solo, 
o desmatamento e a construção de moradias.  Ou seja, com a mudança no meio ambiente, 
aconteceu uma desorganização de ecossistemas   Que antes estavam em equilíbrio — e isso 
expôs animais e seres humanos ao fungo.  Assim que o micro-organismo chegou 
nos gatos silvestres e de rua,   O “pulo” para os seres humanos foi relativamente 
fácil. Isso porque esses bichos são extremamente   Comuns em muitos bairros brasileiros.
Não é raro ver crianças brincando com eles,   Os adultos querendo mantê-los por perto como 
maneira de controlar infestações de ratos.  Ou seja, todo o contexto de desequilíbrio 
ambiental somado à proximidade com os animais   Facilitou o contato humano com o fungo.
Para piorar, o Sporothrix brasiliensis se   Espalha com mais facilidade e pode causar 
quadros infecciosos mais severos, quando   Comparado com outros fungos do mesmo gênero.
O tratamento também não é dos mais fáceis:   Nem sempre os antifúngicos 
disponíveis funcionam de primeira.  A terapia com remédios costuma durar, em 
média, 187 dias, segundo um estudo recente.  A chave, de acordo com os especialistas, está em 
fazer o diagnóstico correto e iniciar o tratamento   O quanto antes. Ficar atento aos sintomas, como o 
surgimento de feridas na pele, é o primeiro passo.  No início, a lesão parece uma picada de inseto. 
Em muitos casos, ela cura espontaneamente. Mas em   Algumas pessoas, o fungo consegue avançar pelo 
organismo e afeta os pulmões, causando tosse,   Falta de ar, dor ao respirar e febre. Outros 
pacientes tem inchaço e dor nas articulações.  Já para os pets, vale ficar atento a ferimentos 
no rosto ou nas patas e levar ao veterinário para   Uma avaliação. Ah, e é importante também não 
deixar o animal sair na rua sem supervisão.  Já do ponto de vista da saúde pública, os 
especialistas dizem que é preciso ter políticas   Para acompanhar os casos mais de perto.
Assim, as autoridades podem identificar surtos   E contê-los antes que virem algo mais grave.
Bom, com isso eu fico por aqui e espero   Que você tenha gostado do vídeo.
Fica de olho no nosso canal no YouTube e nas   Redes sociais, que sempre tem vídeo novo.
Um abraço e até a próxima.

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *