Fim de sigilo de 100 anos? As decisões de Lula que poderão afetar Bolsonaro após posse
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, já deixou claro que pretende derrubar com rapidez os sigilos de cem anos que o governo de Jair Bolsonaro adotou sobre uma série de informações, como o cartão de vacinação do presidente ou as vezes em que seus filhos estiveram no Palácio do Planalto.
Além do fim desses sigilos, outras decisões do próximo governo também poderão afetar a família Bolsonaro, como a troca de comando da Polícia Federal e a escolha do novo Procurador-Geral da República em setembro do próximo ano. O presidente enfrenta acusações de ter interferido nessas instituições para evitar investigações contra si e seus filhos.
Neste vídeo, nossa repórter Mariana Schreiber explica sobre quais processos recai o sigilo no momento e quais medidas o petista pode adotar a partir de 1° de janeiro de 2023.
Reportagem em texto: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63456431
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Lula assume a Presidência em janeiro e poderá adotar em seu primeiro Ano de governo medidas que terão impacto direto
sobre o presidente Jair Bolsonaro e seus filho É o caso do fim do sigilo de 100 anos,
da troca de comando da Polícia Federal, E da escolha do novo procurador-geral da República Eu sou Mariana Schreiber, repórter da BBC
News em Brasília, e nesse vídeo explico Como essas três possíveis decisões de Lula
vão afetar a vida da família presidencial Vamos começar pelos sigilos de 100 anos
que o governo de Jair Bolsonaro adotou Sobre uma série de informações, como
o cartão de vacinação do presidente Ou as vezes que seus filhos
estiveram no Palácio do Planalto Lula já deixou claro que pretende
derrubar com rapidez esses sigilos No debate da TV Bandeirantes do
segundo turno, o petista disse: "Eu vou ganhar as eleições, e quando
chegar dia primeiro de janeiro, Eu vou pegar seu sigilo e vou botar
o povo brasileiro para saber por Que você esconde tanta coisa. Afinal de
contas, se é bom, não precisa esconder” O sigilo de um século foi adotado
por Bolsonaro em diversas situações Um exemplo é o segredo sobre informações
dos crachás de acesso Ao Palácio do Planalto emitidos em nome dos filhos Carlos Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro A Receita Federal também impôs sigilo
de cem anos no processo que descreve A ação do órgão para tentar confirmar
uma tese da defesa do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, sobre a origem do
caso das "rachadinhas" – aquele suposto esquema de Desvios de recursos do antigo gabinete de deputado
estadual do filho mais velho do presidente Outro caso que ganhou destaque
é o cartão de vacinação, Que foi colocado em sigilo em meio
à pandemia de covid-19 e no contexto De que o presidente questionava
eficácia e segurança dos imunizantes As decisões de manter o tema em sigilo são feitas
em resposta a pedidos apresentados por meio da Lei De Acesso à Informação, geralmente sob alegação
de que documentos continham informações pessoais É essa justificativa também que Bolsonaro
costuma citar ao responder as críticas, Ou seja, ele diz que são questões
privadas, que não teriam interesse Público, o que contraria especilistas e,
questão de transparência governamental A Lei de Acesso à Informação, conhecida como LAI, Foi sancionada em 2011 pela
então presidente Dilma Rousseff No artigo 31, a lei prevê que informações
pessoais relativas à intimidade, vida privada, Honra e imagem tenham acesso
restrito pelo prazo de até cem anos Mas a lei também busca conter o uso dessa medida:
O texto diz que a restrição de acesso
a essas informações particulares não Poderá ser invocada com o intuito
de prejudicar processo de apuração De irregularidades em que o titular
das informações estiver envolvido, Bem como em ações voltadas para a recuperação
de fatos históricos de maior relevância Para o advogado Bruno Morassutti, fundador da
agência especializada em transparência Fiquem Sabendo, pessoas que ocupam importantes cargos
públicos, como a Presidência da República, Não devem ter o mesmo nível de proteção
de sua privacidade que cidadãos comuns Desse forma, ele avalia que
o governo Lula poderá sim Revisar com facilidade os sigilos
decretados pela gestão Bolsonaro ASPA Bruno – O presidente poderia,
diante de alguns casos concretos, Determinar a abertura das informações
porque afinal de contas ela é o chefe do Poder Executivo, ele pode fazer isso, ele
tem competência jurídica para fazer isso Além de revisar os sigilos decretados por
Bolsonaro, Bruno Morassutti diz que o governo pode Alterar o decreto que regulamenta a Lei de Acesso
à Informação ou enviar uma proposta de alteração Na avaliação do fundador da
Fiquem Sabendo, o potencial De impacto do fim desses sigilos
vai depender do que for revelado No caso das visitas dos filhos do presidente
ao Palácio do Planalto, por exemplo, O advogado acredita que há um interesse em
saber se houve alguma atuação em encontros Com ministros que poderia ser enquadrada
como advocacia administrativa, que consiste No crime de patrocinar, direta ou indiretamente,
interesse privado perante a administração pública Vamos agora entender uma
segunda possível medida de Lula: Assim que ele assumir o governo ele poderá trocar o comando da Polícia Federal Bolsonaro enfrenta acusações de interferir na PF, órgão que tem inquéritos abertos
contra o presidente e seus filhos O presidente nega essas acusações, enquanto seus Críticos apontam como suspeitas as
sucessivas trocas nos cargos da PF O posto de diretor-geral, por exemplo, Já foi ocupado por quatro nomes diferentes nos
quase quatro anos de administração Bolsonaro Como comparação, o governo Dilma
Rousseff teve apenas um diretor Geral da PF em mais de seis anos, enquanto a
gestão Lula teve dois diretores em oito anos Uma das investigações abertas
contra Bolsonaro, inclusive, Apura acusações de interferência na
PF levantadas por Sergio Moro em 2020, Quando pediu demissão do Ministério da
Justiça e Segurança Pública – apesar disso, Ele se reconciliou com o presidente na eleição,
numa aliança para tentar impedir a vitória de Lula
Assim que assumir o cargo, em primeiro De janeiro de 2023, o petista poderá
nomear um novo diretor-geral para a PF O novo chefe da instituição, por sua vez, Deve escolher novos nomes para postos
chaves, como as superintendências regionais Para o professor de direito penal da FGV
Davi Tangerino, a gestão petista não vai Promover uma “perseguição” à família Bolsonaro, Tentando direcionar a atuação da PF
contra o antigo clã presidencial, Mas deve dar autonomia para que a polícia
toque as investigações que julgar pertinentes Tangerino lembra que os governos do
PT garantiram independência a órgãos De investigação, algo que até expoentes
da operação Lava Jato já reconheceram, Como o próprio Moro, na coletiva
em que deixou o governo Bolsonaro "É certo que o governo na época tinha inúmeros
defeitos, aqueles crimes gigantescos de corrupção Que aconteceram naquela época, mas foi
fundamental a manutenção da Polícia Federal Para que fosse feito o bom trabalho, seja de bom
grado ou por pressão da sociedade, mas isso (a Autonomia) foi mantido", disse o ex-juiz
da Lava Jato, ao deixar o governo Bolsonaro Vale lembrar que atualmente há quatro inquéritos Autorizados pelo STF em que Bolsonaro
é investigado pela Polícia Federal Além daquele que apura interferência na PF,
o presidente é investigado pela divulgação De notícias falsas sobre a vacina contra
covid-19 e sobre vazamento de dados sigiloso Relacionados a um ataque hacker sofrido
pelo Tribunal Superior Eleitoral em 2018 A quarta investigação é o Inquérito das Fake News, Sobre ataques e notícias
falsas contra ministros do STF O presidente tem negado interferências na PF e diz Que as apurações contra ele, como o Inquérito
das Fake News, são investigações autoritárias Comandadas pelo ministro
do STF Alexandre de Moraes, Como no caso do inquérito das Fake News Quando Bolsonaro deixar o cargo, ele perderá
o foro privilegiado e as investigações Tocadas pela PF passarão a tramitar na primeira
instância judicial, ou seja, serão acompanhadas Por procuradores federais ou promotores,
sob supervisão de varas comuns de Justiça Uma exceção a essa regra, porém, pode
ocorrer no caso do Inquéritos Das Fake News, já que nesse caso pessoas sem foro
privilegiado estão sendo investigadas no STF, Suspeitas de ataques contra a própria
Corte e o Estado Democrático de Direito Para terminar, vou explicar uma terceira
possível medida de Lula e como ela poderia Afetar a família Bolsonaro: trocar
o Procurador Geral da República
Como eu já disse, o presidente não terá mais
foro privilegiado a partir de primeiro de janeiro Então, salvo na questão do Inquérito das Fake
News, investigações contra ele devem passar para A primeira instância judicial e não serão mais
conduzidas pelo Procurador-Geral da República, Augusto Aras, que é acusado de
agir como aliado de Bolsonaro No entanto, os filhos do presidente,
Eduardo Bolsonaro, que é deputado federal, E Flávio Bolsonaro, que é senador,
continuam tendo foro especial no STF em casos de supostos crimes relacionados
ao seus mandatos. Eduardo Bolsonaro, inclusive, Já é alvo também do Inquérito das Fake News
Dessa forma, ambos podem ser afetados por Uma provável mudança no comando da PGR. O
mandato de Augusto Aras acaba em setembro Quando Lula foi presidente entre 2003 e 2010,
sempre escolheu como Procurador-Geral da República O primeiro de uma lista tríplice elaborada pela
Associação Nacional dos Procuradores da República O petista inaugurou essa tradição, Vista como importante para garantir a
independência do Ministério Público Federal Dilma Rousseff manteve o procedimento, Enquanto Michel Temer nomeou a
segunda pessoa da lista tríplice Já Aras foi nomeado por Bolsonaro sem ter
sido selecionado para a lista da categoria. Lula não se comprometeu na campanha
a respeitar novamente a lista, Mas o professor da FGV Davi Tangerino
acredita que ele pode resgatar a tradição, Já que a escolha de Aras acabou gerando um
desgaste grande para o Ministério Público Federal Flávio Bolsonaro, por sua vez, é alvo de
investigação por um suposto esquema de rachadinha, Ou seja, desvio de recursos, em seu antigo
gabinete de deputado estadual no Rio de Janeiro Essa investigação, porém,
tramita na Justiça do Rio Não está sob o comando da Procuradoria Geral da República Espero que esse vídeo tenha ajudado você a entender melhor as decisões que Lula deverá tomar No seu primeiro ano de governo que têm um impacto direto sobre Bolsonaro e seus filhos Obrigado pele audiência e até a próxima