FARMÁCIA: da pesquisa ao produto #VocêPodeSer Ep. 4

Lê a bula inteira de todo o remédio que toma? Não, mas o efeito adverso é 
o primeiro. O resto, eu não ligo. Dessa vez, a nossa conversa vai ser sobre 
profissões que buscam novos conhecimentos.  Eles procuram entender o mundo, as pessoas, 
ou a natureza. A gente vai descobrir mais do que o pessoal da farmácia faz. Se o ser humano tem vivido cada vez mais e melhor, com certeza o avanço dos medicamentos tem a ver com isso. Porque, hoje, a gente tem opções de tratamento que não eram nem imagináveis. E é o farmacêutico profissional que trabalha com isso. Eles são responsáveis por todo o caminho do medicamento. Desde da pesquisa, do desenvolvimento, passando pela produção industrial até chegar no consumidor, Nas farmácias, nos pacientes… E também são eles que fazem a divulgação dos novos medicamentos para os médicos ficarem sabendo que Esses remédios existem. Os farmacêuticos estudam a composição de medicamentos, cosméticos e alimentos e como essas substâncias vão interagir Com o corpo humano e com o corpo dos animais. E, para isso, eles aplicam conceitos de Biologia, Química e Ciências 
da Saúde. Como em boa parte das carreiras científicas, os farmacêuticos têm um campo muito grande de atuação. O Conselho Federal de Farmácia, que é o órgão que fiscaliza e regula o trabalho deles, aponta quase 100 áreas de especialização Que vai desde análise clínica e toxicológica, que é quando o farmacêutico trabalha dentro do laboratório olhando como Os medicamentos usados pelos pacientes interferem nos resultados. E tem também a área de cosméticos que tem crescido bastante. A indústria tem se preocupado em desenvolver produtos para os consumidores dos mais diversos E é por isso que o trabalho de pesquisa está sendo muito procurado. E são produtos para atender diferentes idades, diferentes gêneros e, inclusive, tons de pele. Sem contar o trabalho mais próximo com as pessoas. Você sabia que toda a farmácia que você vê na rua tem que ter um farmacêutico responsável? No episódio de hoje, a gente vai conhecer o João Paulo. Ele é farmacêutico, pesquisador e professor da USP, A Universidade de São Paulo. Eu estou chegando aqui na Ananda Farma para conversar com a farmacêutica Amanda para contar para a gente O que faz um profissional de farmácia? Me conta como é que foi a sua semana? Na semana em geral de um farmacêutico na área magistral, ou na farmácia de manipulação, né, que a gente trabalha, Nós trabalhamos como suporte, né? A gente dá uma assistência no atendimento. Bom, essa semana ela está dividida em três principais pilares: fazer aulas, então, criar novas aulas, ministrar essas aulas, Participar de reuniões.

A gente também faz a parte de conferência das fichas que são captadas. Fora isso, a gente faz um pouco de tudo. E, por fim, realizar experimentos junto com os alunos de 
pós-graduação. Qual foi o curso que você fez? Qual é a sua formação? Então, eu sou o farmacêutica e bioquímica mesmo. Farmácia e bioquímica, eu fiz a formação na Osvaldo Cruz, né? E fiz um curso também de tecnologia cosmética. Fiz a faculdade por conta da empresa que é dos meus pais, inicialmente, né… Então, eu fiquei inserida nesse ramo Por conta de ser uma empresa familiar. Desde o ensino médio, eu tive muita facilidade e muito gosto em estudar Química e Biologia. Através de conversas com colegas, com familiares, olhei para profissão do farmacêutico porque era uma profissão Que sempre associa a Química junto com a Biologia. E logo que eu entrei na faculdade, me encantou com todas as 
coisas lindas que a faculdade traz E, assim, durante a carreira, eu, na verdade, fui tendo o aprendizado do dia a dia. Primeiro, né, vou atendente de balcão, aprende a atender o cliente, como falar e, depois, você vai né conhecendo laboratório. Quando eu prestei o vestibular, já estava muito claro que eu 
queria fazer Farmácia e Bioquímica. Mas a área que eu iria seguir não estava muito claro ainda. Então, na verdade, a minha carreira toda de farmacêutica foi dentro da área de farmácia mesmo, né? Então, ao longo da faculdade, eu fiz alguns estágios de iniciação científica e no meu último estágio de iniciação científica o professor Ele me convidou para fazer o doutorado direto. Então, eu pularia a etapa do mestrado, Porque eu já tinha tido, enfim, quatro anos de experiência 
em laboratório. Então, minha carreira, na verdade, se resume basicamente dentro daqui, mas eu passei por todos os setores. A gente ouve as palavras carreira e profissão e parece que são a mesma coisa. Mas, não. Profissão é aquilo que a gente faz com base na nossa preparação, porque a gente estudou ou que a gente praticou. Médico, por exemplo, é uma profissão. E é importante a gente perceber que toda profissão tem muitas atividades diferentes Que podem ser feitas. Um médico, por exemplo, pode fazer cirurgia, pode trabalhar em uma fábrica de próteses, Ou até em um time de futebol na área 
de saúde. Carreira é diferente. É a trajetória que a pessoa percorre, os cargos, as funções, as posições… No começo da carreira, o médico pode escolher, por exemplo, atender dando plantão em hospital E, quando ele acumula experiência, pode chefiar uma equipe e virar líder de uma área do hospital, Ele construiu uma carreira. E você percebeu que tudo isso depende de como cada pessoa organiza suas habilidades e constrói a sua atuação profissional. Como ela escolhe exercer 
a sua profissão.

Pensando nesses jeitos diferentes de fazer as mesmas atividades, dá para a gente usar de exemplo um engenheiro civil. Ele poderia trabalhar como pesquisador, estudando um jeito de 
fabricar cimento com menos poluição, Ou poderia trabalhar em uma obra chefiando a construção de 
um prédio. Uma mesma profissão permite infinitas carreiras, ou seja, uma mesma atividade pode ser feita de diferentes jeitos, Com diferentes objetivos, diferentes lugares, com diferentes pessoas. Quando você escolheu essa profissão, você imaginou que faria, o que está fazendo hoje? Não. Não, eu não pensava especificamente no que eu estava fazendo hoje. Às vezes você entra com uma ideia e você descobre que você vai fazer outra coisa completamente diferente. Entre fazer o doutorado e começar a ministrar aulas, a jornada ela foi muito mais longa. E a gente está falando aí de mais de 10 anos. Então, eu prestei um concurso público e consegui passar em primeiro lugar Nesse concurso público, que foi quando eu entrei para ministrar aulas para o curso de Farmácia e Bioquímica. Como eu já tinha a empresa, eu acabei ficando, seguindo, né? E as pessoas que estudaram com você, os seus colegas, estão fazendo coisas parecidas com que você faz hoje Ou foram para outros caminhos? Então, é bem variado, mas a maioria foi para indústria mesmo. A profissão ela é muito diversificada, então, 
tem muitos trabalhando na indústria farmacêutica, Tem muitos colegas empreendedores… Tem o pessoal da pesquisa e tem gente que está na área magistral também. Tem muitos colegas trabalhando na polícia científica, muitos pesquisadores, muitos professores… Nossa, atende tudo que você possa imaginar, mas a 
grande maioria vai para indústria mesmo. Você acha que tem que ter alguma habilidade especial, alguma característica pessoal para fazer o que você faz? Bom, uma habilidade especial que nós, pesquisadores, nós precisamos ter, é a capacidade investigativa. Para você investigar, você precisa ser curioso. Sim, precisam. Não é aprendido na faculdade… É a habilidade de lidar com as pessoas. E lidar com pessoas é aprendizado constante. Na minha área, você precisa saber resolver problemas muito rapidamente E decidir também rapidamente. Então, as duas habilidades, a primeira é ser curioso, e a segunda 
gostar de estudar. Porque precisa estudar bastante. Como é que é teu ambiente de trabalho em relação às pessoas? Bom, na área científica, é um trabalho bastante social, porque nós temos um contato direto com outros pesquisadores Para trocar figurinhas. Não, o ambiente de trabalho aqui é super tranquilo. Eu falo que o farmacêutico é como se fosse um coordenador, Gestor mesmo do ambiente.

Quais outras profissões acabam trabalhando junto com você? Dentro da área de pesquisa, nós temos profissionais da área da saúde, nutricionistas, biólogos, médicos, biomédicos… Existe uma intersecção com a profissão farmacêutica. Aqui dentro, a gente trabalha com atendentes de farmácia, ou 
são os farmacistas. Necessariamente, eles não têm formação, Mas eles que fazem toda a parte de orçamento para os clientes, atendimento do cliente, Tem o pessoal da limpeza, que a gente fala que são os assistentes que fazem toda a parte de reposição dos produtos E tem os manipuladores. É claro que a gente também não pode deixar de pensar em algumas formações da área de exatas, como por exemplo, estatística. A análise estatística é muito importante, ou o melhor, é imprescindível para a gente entender frente ao organismo humano. Agora, eu vou aprender a fazer um 
remédio. A gente vai encapsular   Um medicamento que já foi pesado. 
Vamos ver como funciona. Parece que eu estou brincando. Sabe aquele jogo de senha? Vocês já viram? Agora você vai destampar elas. Se você não apertar, só jogar pro lado. Entendi, eu estou apertando. Entendeu? Entendi, é para o lado. Gente, espero que eu não esteja fazendo remédio de vocês. Sabe esses vídeos satisfatórios? Olha, olha 
isso! Que maravilhoso. Você vai até preencher. Agora você destrava aqui dos lados e aperta. E agora você vai encaixar e tirar para 
o lado. Olha isso, parece plástico bolha. É, é isso mesmo Dá para saber que não foi feito por um 
profissional? Perguntas feitas pelo público. Tá, primeira: farmacêutico aprende a receitar medicamento? Não. Os atendentes da farmácia são todos farmacêuticos? Não, não. Um farmacêutico tem que saber a função de todos os remédios? Não, não precisa.

Não, existe um livro específico para o estudo da função de 
todos os medicamentos. Qualquer remédio pode ser feito numa farmácia de manipulação? Quase todos. Por conta dos laboratórios, né, que você tem numa farmácia, porque, por exemplo, produtos estéreis ou colírios Precisam ter equipamentos específicos e laboratórios mais estruturados para não ter contaminação. O que faz o farmacêutico responsável que vem escrito em toda a caixa de remédio? Ele é responsável pela produção e a garantia da qualidade desse medicamento. O nome dele está lá porque ele responde por toda e qualquer inconformidade que a empresa venha ter. É um farmacêutico que escreve as bulas dos remédios? Sim. Como é que vocês testam remédios novos? Existem diversas etapas, desde estudos em células até estudos pré-clínicos. E estudos clínicos de pequeno porte e de grande porte. É um estudo de, no mínimo, 10 anos. O que um farmacêutico pode fazer? Onde que ele pode trabalhar? Na área de laboratório, né, tanto na parte de qualidade das matérias-primas, a gente acompanha todo a equipe na manipulação Dentro dos laboratórios na confecção do medicamento. Dentro da indústria farmacêutica, ele pode trabalhar dentro da indústria de cosméticos, na indústria de alimentos E também nas diversas instituições de ensino. E o trabalho de vocês é sempre no laboratório? Depende muito da demanda. Tem equipes farmacêuticas montadas que ficam somente em laboratório. Existe o trabalho técnico dentro do laboratório, existe o trabalho técnico em escritório, Principalmente, relacionados à parte de regulamentação, a parte de leis E também existe a parte do ensino em farmácia. E na faculdade, farmacêutico aprende 
a fazer cosméticos também ou só remédios? Na minha faculdade, eu aprendi a manipular na prática só 
cosméticos. A gente aprende a fazer tudo que está relacionado no âmbito da profissão farmacêutica. Cosméticos, medicamentos, suplementos alimentares, novas formulações de alimentos, cosméticos e medicamentos. Para você, qual é o topo da sua profissão? Então, o topo numa carreira de farmácia,  eu acredito que seja assim o desenvolvimento de novos medicamentos e novas moléculas Para tratamento. Eu acredito que isso é o mais bonito na profissão farmacêutica. É o topo é você atingir a titularidade do seu cargo, isso é, você virar professor titular. E como que a sua profissão muda o mundo para melhor? Fazer com que os seres humanos vivam com qualidade melhor através da diminuição da incidência De determinadas doenças, pensando no bem-estar do ser humano.

Toda a parte de assistência farmacêutica, porque nós somos os intermediários entre o médico e o paciente. Então, muitas vezes, o médico passa informação, e o paciente não sabe. Então, ele vem buscar o farmacêutico, E o farmacêutico é responsável para intermediar o tratamento desse paciente e a adesão desse tratamento, e passar para o médico Os empecilhos do tratamento. A profissão nossa é muito 
importante nesse aspecto. Só vale sim ou não agora, hein? Você tem curso para entender letra de médico? Não. O sono é o melhor remédio? Ah, eu acredito que sim. Sim. Você tem uma bolsinha com os remédios para emergência? Não tenho. Sim. Já pensou em desistir e mudar de profissão? Já. Nunca. Já achou estranho algum remédio 
que o médico receitou? Já. Escolheria farmácia de novo? Com certeza. Pensaria. Você lê a bula inteirinha do remédio que você toma? Inteira. Não, mas o efeito adverso é o primeiro. O resto, eu não ligo. Eu sou a Raíssa e eu fiz Ciências da Natureza. E o Manual do Mundo, na verdade, ele me ajudou a continuar na profissão, Porque eu estava achando 
que aquilo não era para mim. Mas um dia, estudando para as minhas matérias na prova da faculdade, Eu achei um vídeo do Manual do Mundo e achei isso super legal, O quanto que eles fazem a divulgação 
científica. E escolhi isso para mim. Hoje em dia eu faço doutorado em ensino de ciências e, Graças a essa escolha que eu fiz,

Eu consegui inclusive fazer um ano da minha graduação Lá na Austrália. Um abração, pessoal. Obrigada, Manual!