Em 3 pontos, o que explica caos em Israel
Israel vive um caos político
e social sem precedentes. Essas imagens são parte da maior onda de
protestos dos 75 anos de história do país. Um caldeirão que também inclui
greves, demissões no alto escalão, Brigas políticas e uma crise
inédita com o Exército. Eu sou Camilla Veras Mota, da BBC News Brasil,
e te explico em 3 pontos essa convulsão, Que levou a um recuo importante
do premiê Benjamin Netanyahu. Começo com o que está por trás dessa onda. Israel tem vivido protestos desde que
a coalizão de extrema direita liderada Por Netanyahu colocou em marcha planos
de reformar o sistema judiciário. Uma Reforma vista pelos críticos como uma ameaça ao
sistema democrático – e que detalho logo mais. Os protestos foram crescendo semana a semana,
e passaram a aglutinar diferentes setores, Inclusive alguns tradicionalmente
alinhados à direita israelense. Um dos pontos mais simbólicos talvez seja a adesão
de um número crescente de reservistas do Exército, Grupo que é a espinha dorsal
das Forças Armadas israelenses, E que conta com bastante prestígio e influência. Bom, vários deles, inclusive alguns de
esquadrões de elite e missões de combate, Têm se recusado a se apresentar para
suas funções militares. Eles argumentam Que a reforma proposta pelo governo vai
enfraquecer a democracia de Israel e, Em consequência, colocar a
segurança do país em risco. As tensões chegaram ao auge no último
fim de semana, quando o ministro da Defesa pediu que a reforma fosse suspensa.
Em resposta, ele foi demitido por Netanyahu. Foi o estopim para uma onda ainda maior e mais Violenta de manifestações nas ruas
– e alguns manifestantes chegaram a Romper a barreira policial que protegia a
entrada da casa de Netanyahu em Jerusalém. E ainda teve a decisão do maior sindicato do país, Que convocou uma greve geral. Os voos do principal
aeroporto de Israel foram cancelados por causa da Paralisação dos trabalhadores aeroportuários
em protesto contra as políticas do governo. Mas por que os planos de reformar
o Judiciário causam tanta polêmica? Em resumo, a proposta do governo prevê que
a Suprema Corte fique impedida de revisar Ou vetar leis aprovadas pelo Parlamento, que
passaria a poder alterar decisões do Tribunal. Isso deixaria o país sem nenhum sistema de
pesos e contrapesos para contrapor o Poder Legislativo – algo visto como essencial para
resguardar a democracia israelense. Com isso, Na visão dos críticos, o país estaria
em vias de se tornar uma ditadura. No caso dos militares, um dos argumentos é de
que Israel precisa de uma democracia sólida e
Um Judiciário independente para defender
suas ações e condutas num momento em que O país enfrenta hostilidades com seus
vizinhos e a comunidade internacional. Por fim, outro ponto polêmico da reforma
é dar ao governo mais poder sobre o comitê Responsável pela nomeação de todos os juízes
do país, inclusive os da Suprema Corte. Aliás, a gente produziu um vídeo explicando isso
em detalhes, vou deixar aqui embaixo na descrição. Na prática, Netanyahu também é acusado
de usar a reforma em benefício próprio, Já que ele está sob julgamento na Justiça por
acusações de corrupção, as quais ele nega. Em contrapartida, defensores
da reforma argumentam que o Bloco de partidos religiosos e de extrema
direita venceu a eleição geral mais recente, Em novembro passado. Então, teria recebido
aval das urnas para levar a reforma adiante. E Netanyahu argumenta que as mudanças propostas
restauraram o equilíbrio entre os Poderes no País. Ele diz que os líderes do protesto têm
interesses políticos e tentam derrubar o governo. Como você vê, a convulsão atual não está
diretamente ligada à questão mais sensível Da política israelense, que é a disputa com os
palestinos, mas essas tensões também têm crescido. Ao longo do último ano, tropas israelenses têm
conduzido operações quase diárias na Cisjordânia, área palestina ocupada. O saldo é de
mais de 250 mortes entre palestinos, Além de 40 israelenses e estrangeiros
que foram mortos por ataques palestinos. E o que pode acontecer? Segundo o correspondente da BBC em
Jerusalém, Tom Bateman, o que está Em jogo é a própria identidade
do Estado de Israel. Tom Bateman diz que Netanyahu Está numa posição difícil, acuado de um
lado pelos protestos populares e, do outro, Pela ala de extrema direita que compõe seu
governo e que defende firmemente as reformas. No fim, diante da pressão, o premiê acabou
recuando e anunciou o adiamento da reforma. Em um pronunciamento, Netanyahu
disse que existe uma "vontade De se alcançar um consenso" e que
buscava evitar uma cisão no país. Mas deixou claro que não estava
desistindo da reforma. Ainda não se sabe se esse adiamento
vai ser suficiente para aplacar os Protestos. Ao menos por ora,
a greve geral foi suspensa. Nas últimas semanas, o presidente israelense, Isaac Herzog, cujo cargo é cerimonial e costuma
se manter distante das disputas políticas, Advertiu que o país pode estar caminhando rumo ao
“desastre” caso não se chegue a um consenso. Após o anúncio do recuo de Netanyahu, Herzog
disse que isso era "a coisa certa a se fazer". É uma crise que a gente vai continuar
acompanhando aqui. Fique de olho na
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