Copa 2022: o que Catar quer ao sediar megaevento
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Copa 2022: o que Catar quer ao sediar megaevento

O que o Catar tem a ganhar com a Copa do Mundo? Essa já é uma das edições mais polêmicas
e politizadas da história das Copas O Catar é alvo de críticas e protestos por
desrespeito aos direitos humanos e trabalhistas, E a escolha do país como sede é até hoje
questionada Eu sou Giulia Granchi, da BBC News Brasil,
e neste vídeo vou explicar as ambições Globais do Catar e as controvérsias do país A escolha da Fifa chamou a atenção do mundo Por que um país sem nenhuma tradição no
futebol ou infraestrutura esportiva seria o escolhido? O Catar tem menos de 3 milhões de habitantes e a metade do tamanho de Sergipe, o menor Estado do Brasil Na época do anúncio de Joseph Blatter, não
tinha nenhum estádio apto a sediar a Copa O país também enfrenta temperaturas perigosas, com máximas que passam dos 40°C no verão Aliás, é por isso a Copa está acontecendo
em novembro e dezembro, quando é inverno por lá O próprio Blatter disse recentemente que
a Allen Fromherz Escolha foi um erro Nas palavras dele, porque o país é pequeno
demais pra um evento tão grande Blatter disse que a votação foi influenciada
por interesses políticos e comerciais europeus Segura essa informação, que vou voltar a isso já já Antes, vamos direto às ambições do Catar
A Copa é o ponto máximo de um processo rápido E ainda em curso de reformas e de abertura do Catar. É o que explicou pra gente o analista Chris
Doyle, diretor do Conselho para Compreensão Árabe-Britânica Ele diz que o ponto-chave na história é
1995, quando o xeique Hamad Ibn Khalifa Al-Thani Tomou o poder de seu próprio pai Mais tarde, em 2013, ele abdicou em favor
de seu filho, o atual emir Tamim Ibn Hamad Al-Thani O Chris Doyle explica que naqueles meados
dos anos 90 o Catar era um país voltado para Si e incapaz de explorar plenamente suas reservas
de gás e petróleo A população era pesqueira e pobre
Mas o novo xeique tinha uma agenda Ele abre as portas do país para a exploração
do combustível, começa a construir museus, Passa a permitir bebida alcóolica nos hotéis
e sediar eventos esportivos Símbolos e marcas importantes começam a
se consolidar, como a emissora Al-Jazeera E empresa aérea Catar Airways A proteção internacional vem com a construção
de uma base militar americana O país passa também a mediar conflitos regionais E tem raízes históricas importantes também Allen Fromherz, autor de livros sobre a história
do Catar, explicou pra BBC que o país tenta

Seguir os passos do próprio criador do Islã,
o profeta Maomé, ao promover a resolução De conflitos no Oriente Médio E quer ser recompensado por isso Diz ele: "A Copa do Mundo representa simbolicamente
esse papel mais amplo em que o Catar se vê, De 'somos quem negocia soluções, somos uma
parte indispensável desta região e deste Mundo, e será muito ruim se formos engolidos
por um vizinho, ou se formos ameaçados apesar Da nossa imensa riqueza'. Então é uma política de proteção, mas
também de projeção.” Mas essa projeção tem um custo A Copa foi colocada de pé com estimados 200
bilhões de dólares e mão de obra imigrante, Muitos deles pobres, vindos do sul da Ásia Denúncias apontam que milhares deles morreram
trabalhando sob o sol escaldante do verão No golfo Pérsico Meses atrás, a gente contou a história do
nepalês Dhan Bahadur, de 31 anos Oficialmente, ele morreu de parada cardíaca,
mas sua esposa diz que ele sofria constantemente Com os efeitos do calor Por anos, esses trabalhadores foram trazidos
por meio de um esquema de vistos conhecido como Kafala Eles entravam no país patrocinados por empregadores
e só podiam mudar de emprego ou mesmo sair Do país com autorização desses mesmos empregadores Aqui, um ponto importante: o Catar diz que
a Kafala é uma herança colonial britânica O país foi um protetorado do Reino Unido
entre 1916 e 1971 O sistema, que chegou a ser equiparado a uma
espécie de escravidão moderna, foi abolido Em 2016 pelo governo, dentro do processo de
reformas do país Mas críticos como a ONG Anistia Internacional
dizem que isso não foi suficiente para impedir Que os trabalhadores migrantes da Copa vivessem
em condições sub-humanas e recebessem menos Do que o prometido As críticas a questões de direitos humanos
se estendem aos direitos femininos e LGBTQIA+ A homossexualidade é proibida por lei no
Catar, com punição que varia de multas à Pena de morte Um embaixador da Copa causou polêmica ao
dizer que relações entre pessoas do mesmo Sexo, entre aspas, “danificam a mente” Ao mesmo tempo, diversas autoridades têm
destacado que o Catar está em processo de Reformas e de abertura social e política,
e que "todos são bem-vindos" à Copa do Mundo

E quanto às mulheres? Elas vivem tuteladas por homens, conta esta
catari que hoje vive no Reino Unido: E, pra completar, tem as denúncias sobre
como o Catar foi escolhido pra Copa, lá em 2010 Ele competia com países de peso: Japão,
Coreia do Sul, Austrália e Estados Unidos O Catar nega corrupção na campanha, e uma
apuração interna do comitê de ética da Fifa não identificou irregularidades Mas uma investigação do Departamento de
Justiça dos EUA de 2020 acusou três membros Do comitê executivo da Fifa – entre eles
o brasileiro Ricardo Teixeira – de terem recebido Suborno para votar tanto no Catar para a Copa
de 2022 como na Rússia para a última, de 2018 A defesa de Ricardo Teixeira negou as acusações
na época e disse que o caso era uma retaliação Americana por ele ter votado no Catar, e não
nos Estados Unidos, para sediar a Copa Em um documentário da BBC, o jornalista investigativo
esportivo David Conn lembra que, dos 24 membros Do comitê executivo da Fifa com voto em 2010,
mais da metade foram indiciados sob acusações Diversas de corrupção ou banidos do futebol
por conduta antiética Mas David Conn não acha que isso baste para
explicar a escolha do Catar para a Copa de 2022 Ele argumenta que a estratégia do país foi
fazer uma campanha milionária em favor de Sua candidatura, que teria incluído pressão
até mesmo do ex-jogador francês Michel Platini – então presidente da Uefa – e do então
presidente francês Nicholas Sarkozy Os dois negaram isso David Conn diz que, não por coincidência,
o fundo de investimentos Qatar Sports Investments Posteriormente adquiriu o clube francês Paris
Saint-Germain O Catar também investiu na época em embaixadores
de peso para promoverem a candidatura do país, Como o ex-jogador francês Zinedine Zidane
e o técnico Pep Guardiola Bom, doze anos depois, vai valer a pena pro
Catar ter ficado sob os holofotes? O emir do Catar diz ter orgulho do desenvolvimento,
reforma e progresso do seu país, e acha que O Catar está sendo vítima de desconhecimento,
preconceito e arrogância por parte do mundo ocidental O analista Chris Doyle acha que, de fato,
o país passa por mudanças intensas Ele também vê arrogância em parte das críticas vindas do Ocidente, como os países europeus –, Incluindo muitos que têm virados as costas para imigrantes e refugiados. É isso, eu fico por aqui Obrigada pela audiência e até a próxima

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