Como 4 crianças sobreviveram a 40 dias na selva amazônica
A notícia correu o mundo:
Na Colômbia, quatro crianças foram resgatadas Após passarem 40 dias sozinhas numa das selvas
mais densas e inexploradas do mundo. Elas tinham sinais de desidratação e picadas
de insetos. Mas conseguiram sobreviver, o Que para muita gente é um milagre.
Só que existe uma razão importante para Isso: segundo grupos indígenas que habitam
a região e fizeram parte da equipe de resgate, Foi o conhecimento que as crianças têm sobre
a selva, passado de geração para geração, Que permitiu a sobrevivência delas.
Sou Laís Alegretti, da BBC News Brasil, e Neste vídeo a gente conta essa história
com a ajuda de um especialista indígena em Cuidados florestais e com o coordenador
da Guarda Indígena que participou da operação de resgate. As quatro crianças – de 13, 9, 4 e 1 ano De idade – viajavam num pequeno avião que
caiu no departamento de Caquetá, na Amazônia Colombiana.
Elas estavam com a mãe e outros dois adultos, Que morreram por causa do acidente.
O avião fazia a rota entre as cidades de Araracuara e San José del Guaviare. A família
viajava para se reunir com o pai, um líder Indígena que tinha fugido após receber ameaças
de grupos armados ilegais. E por que elas viajavam de avião? Essa região
de selva tem poucas estradas. E o acesso pelo Rio também é difícil, como contou para
a BBC o Luis Acosta, que fez parte das buscas Em conjunto com o exército da Colômbia. E foi nessa selva isolada que as crianças
ficaram perdidas por 40 dias, como conta o Alex Rufino, indígena ticuna especialista
em sobrevivência na selva e professor da Universidade Nacional da Colômbia. Mas para esse especialista indígena, embora As crianças tenham passado 40 dias vulneráveis
à falta de alimento e ao encontro com animais Perigosos, a selva não é uma ameaça. Na
verdade, foi a selva que salvou as crianças. Para elas, esse não era um ambiente desconhecido.
Aqui entra em jogo um fator que, como destacam Os grupos indígenas da área, foi chave para
a sobrevivência das crianças: o conhecimento Tudo indica que a irmã maior – Lesly, de
13 anos –, guiou e cuidou dos irmãos menores – Soleiny, de 9 anos, e Tien, de 4.
E, acima de tudo, de Cristin, que tinha só 11 meses no momento do acidente e completou
o primeiro aniversário na selva. E entender a selva, diz Rufino, ajudou as Crianças a sobreviverem. Segundo o Exército da Colômbia, um dos fatores
que dificultaram encontrar as crianças foi Que elas estavam em constante movimento.
Mas o Alex Rufino explicou para a BBC que é sabido que não se pode ficar parado numa
selva. É preciso se mover para achar comida
E outros elementos que permitam passar melhor
a noite. Esse conhecimento da selva também ajudou
na operação de resgate – a chamada Operação Esperança.
Que teve, aliás, uma colaboração inédita Entre indígenas e exército. Por tudo isso, a palavra mais repetida pela
imprensa e pelas autoridades para descrever O resgate das crianças tem sido 'milagre'.
Mas mais do que 'milagre', Rufino prefere Falar de uma conexão espiritual com a natureza
que está muito presente no mundo indígena. Para ele, os territórios indígenas sempre
são vistos sob uma narrativa herdada da colonização E da religião católica.
Rufino diz que, tirando esse acidente de avião, Poucas pessoas se interessam por essas comunidades
que, é importante lembrar, estão sob ameaça De grupos armados, da mineração ilegal e
da violência. As crianças foram levadas para o Hospital
Militar de Bogotá, onde estão sendo tratadas. E ainda não se sabe muito sobre seu futuro.
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