Brasil na Opep+ e acordo Mercosul-União Europeia sob risco: como foi a passagem de Lula pela COP28

Brasil na Opep+ e acordo Mercosul-União Europeia sob risco: como foi a passagem de Lula pela COP28

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula 
da Silva já foi embora aqui da Cúpula do   Clima da ONU em Dubai, nos Emirados Árabes. 
Mas as negociações aqui vão prosseguir por   Mais alguns dias — até 12 de dezembro.
Eu sou Daniel Gallas da BBC News Brasil   E eu estive acompanhando a passagem 
do presidente Lula e da sua delegação   De ministros por aqui nos últimos três dias. 
Nesse vídeo eu vou falar sobre o que aconteceu   Durante a passagem de Lula por aqui.
Em resumo, o Brasil veio com a ambição   De projetar uma imagem de liderança nas questões 
ambientais — com uma agenda recheada de encontros   E discursos. Mas na prática essa ambição 
brasileira acabou ofuscada por dois eventos. Primeiro houve o anúncio de que o Brasil pretende 
aderir como aliado à Opep — uma espécie de clube   Do petróleo, que defende os interesses dos 
países produtores de combustíveis fósseis. E segundo vieram críticas fortes do presidente 
da França Emmanuel Macron às credenciais   Ambientais ao Brasil — que parecem sinalizar 
um fracasso nas negociações do Mercosul e da   União Europeia para se chegar a um acordo 
de livre comércio entre os dois blocos. Eu vou falar um pouco sobre essas duas 
surpresas aqui de Dubai mais adiante no vídeo. Primeiro é bom lembrar o que 
Lula veio fazer na COP28. O Brasil chegou nesta cúpula 
do clima com um grande trunfo:   Números recentes mostram que o 
desmatamento da Amazônia começou   A cair no atual governo — depois de anos de 
subida vertiginosa na gestão de Jair Bolsonaro. Lula quis aproveitar esse momento para 
projetar o Brasil como um líder global   No combate às mudanças climáticas. Daqui a dois 
anos, a cidade de Belém vai sediar a conferência   Do clima da ONU, a COP30, e até lá.
Mas ambientalistas com quem eu conversei   Disseram que a imagem que o Brasil está 
deixando nessa cúpula não é muito boa. Em plena reunião do clima, o Brasil disse que pretende 
mesmo entrar na Opep Mais. Você já deve ter   Lido muito sobre Opep no noticiário e nos 
livros de história. A entidade foi criada   Nos anos 60 para coordenar os interesses dos 
países que produzem petróleo. Na prática eles   Combinam cortes de produção para forçar o 
preço do petróleo a subir. Isso foi feito ao   Longo de vários momentos da história — inclusive 
provocando algumas crises econômicas pelo mundo. O Brasil não pretende entrar exatamente neste 
grupo — ou seja, o país não vai ter que aceitar   Cortes de produção. O Brasil entraria como 
aliado à Opep — ou seja, mais como um observador,   Que pode participar dos debates.
Nas palavras de Lula, o Brasil ouve,   Participa mas "não apita nada". A nossa participação na Opep+ é para a gente discutir com a Opep A necessidade dos países que têm petróleo e que são ricos Começarem a investir
um pouco do seu dinheiro

Para ajudar os países pobres do continente africano, Da América Latina, da Ásia, a investir em combustíveis fósseis [sic] Eles podem financiar Eles podem financiar o etanol,
podem financiar o biodiesel, Podem financiar a eólica,
podem financiar a solar, Podem financiar hidrogênio verde.
Esse é o nosso papel O segundo ponto que marcou a visita 
de Lula foram as críticas pesadas de   Macron ao acordo Mercosul-União Europeia.
Esse acordo está sendo negociado há mais de   20 anos e diplomatas brasileiros indicavam que ele 
poderia ser assinado já na semana que vem. Existe   Uma pressa de se concretizar o tratado antes que 
Javier Milei assuma a presidência da Argentina,   Já que ele se manifestou contra o tratado.
Esse tratado reduz tarifas e torna muito mais   Fácil comprar e vender produtos da Europa 
e da América do Sul. Mas ele também pode   Ser uma dor de cabeça para produtores dos 
dois continentes — já que eles agora passam   A enfrentar competição maior nos seus mercados.
Mas o que tudo isso tem a ver com meio ambiente? Macron criticou o acordo justamente 
porque, segundo o presidente francês,   O tratado não estabelece nenhuma garantia 
de que produtos do Brasil, por exemplo,   Evitam o desmatamento e a poluição.
O presidente francês disse que este   Acordo é antiquado e contradiz a agenda 
brasileira de proteção ao meio ambiente. Tudo isso foi dito a jornalistas minutos depois 
de Macron se encontrar com Lula aqui na COP28. No domingo, Lula respondeu a essas críticas. 
Ele acusou a França de fazer uma espécie de   Protecionismo verde. Ou seja: os franceses — 
segundo Lula — querem mesmo é barrar produtos   Brasileiros competitivos e estão usando 
o meio ambiente como desculpa para isso. A Franca sempre foi um país que criou obstáculo no acordo do Mercosul com a União Europeia Porque a França tem milhares de pequenos produtores e eles querem produzir os seus produtos. É isso. O futuro desse acordo deve ser conhecido 
nos próximos dias, quando acontece uma   Cúpula do Mercosul no Rio de Janeiro.
Aqui em Dubai, o Brasil vai continuar negociando a   Agenda do planeta contra as mudanças climáticas.
Existe um senso de urgência entre líderes globais,   Já que 2023 deve ser o ano mais 
quente já registrado na história. As soluções discutidas aqui são a criação de 
fundos para ajudar países pobres a lidar com   Eventos extremos e também investimentos maiores 
para o mundo parar de usar petróleo no futuro.   As negociações terminam no dia 12 de dezembro.
Eu vou ficando por aqui. Continue acompanhando   Nossa cobertura no site bbcbrasil.com 
e nas nossas redes sociais. Até mais!

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