Antes de Lula ir à China, EUA aumentam presença no Brasil e mostram preocupação

Antes de Lula ir à China, EUA aumentam presença no Brasil e mostram preocupação

O Brasil é a nova trincheira da briga entre
Estados Unidos e China por quem tem mais influência E poder na geopolítica global As duas superpotências, que também são
os dois maiores parceiros comerciais brasileiros, Estão disputando a lealdade do Brasil O presidente Lula visitou os Estados Unidos
40 dias após tomar posse, e agora embarca Para Pequim Eu sou Mariana Sanches, da BBC News Brasil
em Washington, e neste vídeo eu explico: Por que o Brasil importa tanto para os dois
lados neste momento? Lembrando que a relação entre Pequim e Washington
vive um de seus momentos mais tensos, por Causa de disputas comerciais e militares,
além de acusações mútuas de espionagem Já as relações brasileiras tanto com China
quanto com Estados Unidos estiveram mornas Nos últimos anos, durante o governo Bolsonaro,
depois de várias alfinetadas de bolsonaristas à China e depois do alinhamento a Donald
Trump, antecessor e adversário de Joe Biden Agora, a posição brasileira mudou nesse
xadrez geopolítico Biden enxerga no Brasil uma chance de ganhar
um aliado de peso na América Latina para Levar adiante duas agendas do seu governo:
o combate a mudanças climáticas e a promoção Da democracia A estratégia americana por enquanto tem sido
a de promover uma agenda intensa de visitas Ao Brasil Já estiveram em Brasília John Kerry, enviado
climático de Biden, e Katherine Tai, representante Comercial do governo americano e José Fernandez,
subsecretário de Estado para Assuntos Econômicos, Energia e Meio Ambiente dos Estados Unidos Em abril, será a vez de uma delegação de
senadores e, depois, do secretário de Estado, Antony Blinken O próprio Biden cogita ir ao Brasil em 2024 O presidente americano até agora ofereceu
um valor bem pequeno ao Fundo Amazônia, 50 Milhões de dólares, que ainda depende da
aprovação do Legislativo E está de olho se os chineses vão fazer
algum gesto ou doação mais contundente à Preservação da floresta brasileira E quais são os interesses da China com o Brasil? Bom, você já sabe que o Brasil é um importante
mercado consumidor de produtos chineses e Um grande exportador de alimentos para a China O que é novidade é, que, no contexto atual,
de grande bipolaridade entre Ocidente e Oriente, O Brasil também é um país que até agora
não aderiu diretamente a um lado nem a outro

Isso num momento em que outros países e blocos
de peso, como Europa Ocidental, Austrália, Japão e Coreia do Sul, já se colocaram claramente
do lado americano Então interessa para a China trazer países
como o Brasil para o seu campo de influência E como fica a posição brasileira nessa disputa? Com o mote de que, entre aspas, o "Brasil
voltou", o governo Lula tenta reconstruir Uma relação robusta e privilegiada com as duas nações Mas, ao mesmo tempo, tenta se esquivar das
pressões e constrangimentos que surgem nessa Aproximação simultânea Olha só o que eu ouvi de uma das integrantes
da comitiva presidencial brasileira, que pediu Anonimato Entre aspas: "Se os dois gigantes quiserem brigar para
saber quem será o melhor parceiro para o Brasil, só temos a ganhar" Mas não é um equilíbrio fácil Nos últimos dias, a comissão de relações
exteriores do Senado dos EUA convidou representantes Do governo Biden para uma discussão justamente
sobre o "futuro das relações entre EUA e Brasil" Foi a primeira vez em anos que o Legislativo
americano tomou uma iniciativa desse tipo De um lado, diplomatas brasileiros viram isso
como um sinal do novo patamar de importância Que Washington dá a Brasília Mas, de outro lado, o evento serviu para demonstrar
a insatisfação de congressistas republicanos E democratas, e também do Poder Executivo
americano, com a aproximação entre Brasil E China O senador republicano Pete Ricketts chegou
a questionar diretamente: "O governo Biden está fazendo o suficiente
para desencorajar países como o Brasil de Buscarem investimentos e comércio com a China? Deveríamos estar fazendo mais?' Ricketts citou até a Doutrina Monroe, de
1823, que defende que o papel dos Estados Unidos na liderança política de todo o continente americano Na mesma linha, a senadora democrata Jeanne
Shaheen notou que o Brasil é um dos únicos Países das Américas a não ter aderido à
iniciativa chinesa "Cinturão e Rota" Essa iniciativa é como é chamada a política
chinesa de oferecer volumosos empréstimos Para obras de infraestrutura em países africanos
e latino-americanos Já Richard Duke, vice-enviado especial para
o Clima, reconheceu o tamanho do desafio para

A política externa de Biden "A China é hoje o maior parceiro comercial
do Brasil e o maior mercado para muitas das Commodities brasileiras Também é o maior investidor em projetos
de infraestrutura A China investiu em construir fortes relações
com legisladores e outros líderes brasileiros Há uma forte base pró-China no país, mas
o governo Lula está comprometido a manter Uma relação próxima com os EUA em uma variedade
de assuntos" Com tudo isso, a visita de Lula à China deve
ser uma das viagens do brasileiro mais atentamente Acompanhadas pelas autoridades americanas É o que me disse Ryan Berg, diretor de Américas
do Centro de Estudos e Estratégias Internacionais, Baseado na capital americana Os preparativos já causaram certo alarme
em Washington Veja só: enquanto Lula passou menos de 48
horas em território americano, em fevereiro, Na China ele vai ficar ao menos 5 dias
E vai com uma comitiva bem maior de ministros, Parlamentares e empresários "Essa disparidade é uma prova do peso que
a China assumiu nas últimas décadas e das Oportunidades potenciais que o país representa
em um contexto em que os EUA têm dificuldade De fazer aportes e propostas viáveis e alternativas
para o desenvolvimento na América Latina" Outro simbolismo importante: Lula é o primeiro
líder estrangeiro a visitar Pequim depois De o presidente Xi Jinping ter sido reconduzido
a um terceiro mandato Um diplomata de alto escalão me disse que
isso denota o peso dado ao Brasil neste momento Enquanto isso, o Brasil também acena aos
americanos, reafirmando valores como democracia, Direitos humanos e meio ambiente e sendo o
único país do bloco dos BRICS – que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul – a condenar a invasão russa à Ucrânia Nas Nações Unidas, posição patrocinada
pelos EUA Ao mesmo tempo, o Brasil aprofunda os laços
econômicos com a China, visto pelo governo Lula como a possível financiadora para uma
possível reindustrialização brasileira Missão do Lula é se equilibrar nessa linha
tênue: mobilizar os símbolos das nossas Semelhanças históricas e culturais com os
EUA para garantir esse apoio ao mesmo tempo Em que lança mão da 'carta China' que oferece
oportunidades melhores de desenvolvimento, Mas na dose certa para não ser visto como
pária pelos americanos Eu vou cobrir a visita de Lula à China, então
fique de olho no nosso canal no YouTube, nas Redes sociais e em bbcbrasil.com para acompanhar
a cobertura completa e os próximos capítulos Dessa disputa

Obrigada e até a próxima

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