Amazônia: o que Lula deveria fazer contra alta na destruição
4 medidas urgentes contra a destruição da Amazônia.
O Brasil registrou a pior taxa de desmatamento em 15 anos, o maior número de focos de
incêndios em 10 anos e a maior taxa De emissão de gases poluentes em 16 anos.
Eu sou André Biernath, da BBC News Brasil, E a gente tá aqui no Egito para cobrir
a COP27, reunião climática da ONU. E vou dizer aqui o que os ambientalistas
esperam do futuro presidente do Brasil, Lula, Quando ele assumir em janeiro.
A primeira expectativa é a Revogação de algumas medidas e atos
administrativos do governo Bolsonaro. O Instituto Talanoa, dedicado
a políticas climáticas, listou 401 medidas que foram consideradas ao menos
parcialmente danosas para o meio ambiente. Dou aqui dois exemplos: Um decreto de abril de 2019 que extinguiu
reuniões de grupos de trabalho que tocavam Projetos ambientais e grupos que executavam
projetos do Fundo Amazônia. Aliás, daqui a Pouco eu vou falar mais desse fundo.
Teve também a Medida Provisória 870, De 2019, que transferiu a demarcação de terras
indígenas da Funai – a Fundação Nacional do Índio – para o Ministério da Agricultura.
Isso foi considerado um grave conflito de Interesses, porque a demarcação impediria
o uso das terras para fins agrícolas. Mas Suely Araújo, ex-presidente do Ibama e
hoje integrante do Observatório do Clima, Acha que não basta revogar os atos, mas
sim debater o que colocar no lugar deles. O que nos leva ao segundo tópico.
Recompor o Ministério do Meio Ambiente E suas autarquias, como o Ibama e o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Ambientalistas afirmam que esses órgãos
foram esvaziados e deixaram de agir com Firmeza na proteção ambiental durante
o governo Bolsonaro – por exemplo, Com menos fiscalização e multas relacionadas ao
desmatamento ou atividades ilegais na floresta. Um exemplo é o Ibama, que emitiu 40% menos
autos de infração em 2021 do que em 2018, Ainda no governo de Michel Temer.
Eu e a minha colega Nathalia Passarinho Conversamos aqui no Egito com Marina Silva,
ex-ministra de Lula e cotada para assumir Novamente o Ministério do Meio Ambiente.
Ela se queixou que o governo Bolsonaro substituiu, Entre aspas, “técnicos por policiais” e
intimidou a equipe técnica do ministério, E afirmou que a intenção é reverter isso.
Um projeto que deve ganhar sobrevida no governo Lula é o do Fundo Amazônia, basicamente composto
de dinheiro doado pela Noruega e pela Alemanha Para financiar projetos de proteção à floresta.
Esse fundo foi paralisado logo no primeiro ano Do governo Bolsonaro, quando o então ministro do
Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou a intenção De mudar a gestão dos recursos e extinguiu
os comitês que orientavam o uso do dinheiro. Noruega e Alemanha decidiram então
suspender os repasses. Hoje, o fundo
Tem 3 bilhões e 200 milhões de reais parados.
Após a eleição de Lula, o governo da Noruega Anunciou que retomará as contribuições a partir
de 2023. A Marina Silva também disse pra gente Que outros países demonstraram interesse em
cooperar com o fundo, como Reino Unido e Canadá. Mas Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa,
cita um aspecto que pode travar o aproveitamento Completo dos recursos: mesmo que o dinheiro
venha de doações internacionais, ele também está Sujeito ao teto de gastos, a lei que restringe
as despesas públicas à inflação do ano anterior. A especialista defende que esse investimento
fique fora desse limite de orçamento. Isso Dependeria de uma proposta de emenda à
Constituição, mas poderia ser feito antes Mesmo de o mandato de Lula começar – ou seja,
se entrar na agenda do governo de transição. O último ponto são as metas ambientais.
Quando o Brasil e outros quase 200 países Assinaram o Acordo de Paris, em 2015, se
comprometeram a limitar o aquecimento global A 1,5 grau centígrado em relação aos níveis
pré-industriais. É que um aumento maior do que Isso pode ser desastroso para a vida na Terra.
Bom, o Brasil tem sido cobrado justamente a Atualizar a chamada NDC – sigla em inglês
para Contribuição Nacionalmente Determinada, Compromisso prático assumido por cada
país para conter as mudanças climáticas. A NDC brasileira mais atualizada estabelece
a meta de reduzir a emissão de gases do Efeito estufa em 37% até 2025 e em 50% até
2030, em comparação com os índices de 2005. Mas o Instituto Talanoa e a ONG WWF acham que
a NDC brasileira precisa ser aperfeiçoada. Não Está claro, por exemplo, como essas metas
serão cumpridas, ou sob quais critérios. O grupo sugere que o governo forneça
informações quantificáveis, estabeleça Prazos e períodos de implementação e
detalhe os processos de planejamento. O assunto soa (e é) um tanto complexo, mas
definir bem essas políticas ambientais será Essencial para que o país contribua para minimizar
os estragos relacionados às mudanças climáticas Nas próximas décadas, avaliam os pesquisadores.
Lembrando aqui que a Floresta Amazônica é Considerada crucial para conter as
mudanças climáticas e também para Regular o clima do Brasil. E que toda essa
questão ambiental deteriorou a imagem do Brasil no exterior e travou negociações
comerciais do país com nações europeias. Eu fico por aqui, mas logo logo mandaremos
mais notícias aqui da COP27. Até a próxima!