Como acusações de bullying contra servidores derrubaram vice britânico
O caso de um vice-premiê e ministro da Justiça
acusado de bullying contra seus funcionários Deu força a um debate sobre os limites no
ambiente de trabalho aqui no Reino Unido. Eu sou Julia Braun, da BBC News Brasil
em Londres, e neste vídeo vou explicar A polêmica envolvendo o agora ex-vice-premiê
Dominic Raab, que caiu depois de ser acusado De intimidar e humilhar subordinados.
Ele se defende alegando que tudo Isso é infundado. E se define como um chefe
exigente que tentava fazer o melhor trabalho, Lutando contra o que chama de servidores ativistas
que prejudicariam o funcionamento do governo. Mas eu detalho tudo isso já já.
Primeiro, quem é Dominic Raab? Casado com uma executiva de marketing brasileira,
ele é um dos políticos que mais ganharam Proeminência no Reino Unido nos últimos anos.
Raab foi eleito para o Parlamento pela primeira Vez em 2010. E desde 2015, integrava o governo
conservador. Durante o mandato de Theresa May, Virou ministro do Brexit, o processo de saída da
União Europeia e, em 2019, já sob Boris Johnson, Foi alçado a ministro de Relações Exteriores.
Quando Johnson foi hospitalizado com covid, Em 2020, no auge da pandemia, Dominic Raab chegou
a assumir temporariamente o cargo de premiê. Mais recentemente, ele era um dos aliados
mais próximos do atual primeiro-ministro, Rishi Sunak. Tanto que servia ao mesmo tempo
como ministro de Justiça e vice-premiê, Um cargo que não é permanente, ou seja, só
existe no atual governo porque Sunak quis assim. Até que oito acusações formais
de servidores públicos sobre o Comportamento de Dominic Raab em todos os seus
postos ministeriais levaram à abertura de um Inquérito independente no final do ano passado.
Na última semana, o advogado Adam Tolley, Responsável pelas investigações,
divulgou suas conclusões. O relatório de Tolley argumenta
que Dominic Raab foi, entre aspas, “intimidatório” e “ofensivo” com servidores
públicos, o que configuraria “abuso ou mau uso De poder” em parte de seu período como ministro.
Em uma das reuniões alvo da investigação, enquanto Raab chefiava a pasta de Relações Exteriores,
a conduta dele teria sido, entre aspas, “persistentemente agressiva”, “indo além do que
era razoavelmente necessário (…) e introduzindo Elementos punitivos” contra seus subordinados.
Foi depois da publicação desse relatório que Raab entregou sua renúncia por
escrito ao premiê Rishi Sunak. Na carta, ele rejeitou as acusações,
dizendo que ministros precisam ter a Liberdade de dar feedbacks diretos e críticos
a suas equipes, pelo bem do serviço público. Em entrevista à BBC, Raab argumentou que
equiparar o seu comportamento à prática De bullying abre um precedente perigoso
que pode prejudicar o trabalho do governo. Esse comentário a respeito de supostos
“servidores ativistas” foi criticado Pelo sindicato do setor, que acusou Raab de
promover, entre aspas, “perigosas teorias
Conspiratórias para minar a integridade
e a imparcialidade do serviço público”. Segundo Chris Mason, editor de política da BBC e
o mesmo que você acabou de ver entrevistando Raab, O caso abre um debate mais amplo sobre que tipo
de comportamento é apropriado nos ambientes de Trabalho atuais, em meio a um escrutínio cada
vez maior contra práticas de assédio moral. Esse episódio também evidencia as tensões que
podem ocorrer entre ministros e servidores De carreira, que não necessariamente
foram nomeados pelo governo da vez. Tanto que o caso gerou amplas reações
políticas, seja de gente que fez críticas Ou saiu em defesa do agora ex-ministro.
Simon McDonald, um servidor público aposentado do Ministério de Relações Exteriores
que hoje integra a Câmara dos Lordes, Descreveu Raab como um “chefe duro”. E que esse
estilo, na opinião dele, não contribuía para O desempenho da equipe. McDonald disse que levou
essa queixa a Raab, mas ele se recusou a acatá-la. Mas outro membro da Câmara dos Lordes,
Jonathan Marland, reforçou o argumento de Que Raab teria sido vítima de um “conluio” de seus
subordinados, em um caso que, nas palavras dele, Vai “apavorar empregadores de todo o país”.
Oficialmente, o premiê Rishi Sunak agradeceu E elogiou o trabalho de Raab como ministro,
ao mesmo tempo em que admitiu que houve, Entre aspas, “falhas” de processo que “afetaram
negativamente todas as pessoas envolvidas”. Nas palavras de Rishi Sunak:
“Devemos aprender a partir disso, para aprender Como lidar melhor com questões do tipo no futuro”.
Mas a ONG Institute for Goverment, que advoga Por melhorias no serviço público, acha que
as reações de Raab e de Sunak ao caso “não Fazem nada para evitar que outros ministros
que não compreendam o que é um comportamento Profissional se vejam nessa mesma posição”.
Em meio a todo esse debate sobre os limites Entre ser exigente ou fazer bullying, a
prestigiada revista liberal The Economist Resumiu o caso de Raab da seguinte forma:
"Mesmo que você ache que Raab foi injustamente Rotulado como um bully, é difícil passar
por cima de outro problema – a eficiência Dele como chefe. Se tantas pessoas pensam
que você é um chefe ruim, você é um chefe Ruim. Se funcionários tentam te evitar, a gama de
talentos disponíveis para você encolhe bastante." Bem, agora, os cargos de vice-premiê
e ministro da Justiça foram ocupados, Respectivamente, pelo parlamentar Oliver
Dowden e pelo ex-advogado Alex Chalk. Por hoje eu fico por aqui, mas fica
de olho na nossa cobertura no YouTube, Nas redes sociais e em bbcbrasil.com.
Obrigada e até a próxima.