Cúpula da Amazônia: como “palco” ambiental de Lula virou alvo de críticas de ambientalistas
A Cúpula da Amazônia convocada pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva Chegou ao final nesta quarta-feira.
Ela vinha sendo tratada como um Palco para projetar ao mundo liderança do
presidente brasileiro na área ambiental. Mas apesar de o governo brasileiro ter conseguido
reunir líderes dos oito países da região, o evento Terminou alvo de alguns poucos elogios e muitas
críticas de ambientalistas e movimentos sociais. Isso aconteceu porque, apesar de os países terem
conseguido algum consenso em alguns assuntos, Eles não conseguiram chegar a acordos em torno de
dois pontos considerados cruciais: uma meta comum De desmatamento zero para os países da Amazônia
e o fim da exploração de petróleo na região amazônica. Eu sou Leandro Prazeres, correspondente
da BBC News Brasil, e vim aqui para Belém, Capital do estado do Pará, para acompanhar
a cúpula. Neste vídeo eu vou mostrar, Em três pontos, como o evento criado para ampliar
a influência de Lula na área ambiental acabou Alvo de críticas de ambientalistas. A Cúpula da Amazônia foi idealizada por Lula antes Mesmo de ele assumir o seu terceiro mandato. O evento que aconteceu nesta semana tinha o Objetivo de reunir os chefes-de-estado dos
oito países da região amazônica. No final, Apenas quatro deles vieram pessoalmente:
Brasil, Colômbia, Peru e Bolívia. Nas semanas que antecederam o evento, havia
a expectativa de que, durante a reunião, Os países conseguissem formar uma espécie de
bloco coeso para participar de negociações Internacionais na área ambiental como a 28ª
Conferência das Nações Unidas para o Clima, A COP-28, que vai acontecer no final
do ano, nos Emirados Árabes Unidos. As conferências do clima são eventos que
acontecem anualmente em que os países do Mundo inteiro tentam chegar a acordos para
reduzir a velocidade do processo de mudanças Climáticas produzidas pela ação humana.
O próprio presidente Lula chegou a falar, Em entrevistas, que queria uma
posição única dos países da região. "A ideia básica é a gente sair daqui preparado
para, de forma unificada, todos os países que têm Floresta terem uma posição comum nos Emirados
Árabes durante a COP28 e mudar a discussão” Especialistas com quem eu conversei disseram
que a expectativa com o evento era de que Lula conseguisse cacifar o Brasil como
uma espécie de "porta-voz" informal dos Países ricos em florestas tropicais. Olha o que o secretário-executivo da ong Observatório do Clima, Márcio Astrini, me disse. “A novidade deste novo governo Lula é que houve um Entendimento de que a pauta ambiental é aquela
na qual o Brasil consegue falar mais alto" Ao fim da cúpula, os países da região
amazônica divulgaram uma declaração Com mais de 100 parágrafos com uma série
de compromissos na área ambiental como: A criação de uma espécie de painel científico
amazônico sobre mudanças climáticas.
O estabelecimento de uma aliança
para o combate ao desmatamento. A criação de um Centro de combate a crimes ambientais . Um dos principais pontos de acordo no grupo Foi a cobrança de aproximadamente 100 bilhões de
dólares que os países ricos prometeram em 2015, Como parte do Acordo de Paris. Mas apesar disso, a posição unificada Esperada por Lula não veio em pontos considerados
importantes por ambientalistas: o estabelecimento De metas comuns para o desmatamento zero e a
exploração de petróleo na Amazônia. São esses, Também, os pontos que geraram mais críticas dos
ambientalistas, como a gente vai ver agora. Um dos pontos que mais causou frustração entre Ambientalistas foi o fato de que a declaração
final da cúpula não trouxe nenhum compromisso Concreto para que todos os países cheguem a uma
meta comum de desmatamento zero na Amazônia. Países como o Brasil e a Colômbia têm a meta
de zerar o desmatamento na região até 2030 e Havia a expectativa de que os demais países
da região pudessem aderir a esse objetivo, Mas a esperada meta conjunta não saiu. No lugar desse compromisso, Os países prometeram promover o combate
ao desmatamento, mas reconhecendo as metas Nacionais estabelecidas por cada país. Funcionários do governo Brasileiro com quem eu conversei aqui em Belém disseram que países como a Bolívia
e a Guiana teriam feito pressão para que A declaração não estabelecesse uma
meta comum para todas as nações da região. E ambientalistas criticaram
a ausência da meta comum. Em nota, o WWF-Brasil elogiou o fato de que
a declaração reconhece o risco de a Amazônia Chegar ao ponto de não-retorno. Por outro lado,
o diretor-executivo da ong, Maurício Voivodic, Criticou o posicionamento em relação ao desmatamento. Olha o que diz um trecho da nota: "É necessário que se adotem medidas
concretas robustas que sejam capazes de Eliminar o desmatamento o mais rápido possível". Eu perguntei ao ministro de Relaçòes Exteriores, Mauro Vieira, se a falta de uma meta comum
não atrapalhava o objetivo do Brasil de Que os países da região chegassem à COP
28 unidos. Olha o que ele me respondeu. "Isso não vai separar a região. Houve um acordo no final, houve
entendimento sobre essa questão de desmatamento" O Márcio Astrini, do Observatório do Clima,
também lamentou a falta da meta comum. Ele disse: "A meta de desmatamento zero colocaria
esse documento em outro nível, mas isso Não aconteceu. A explicação para isso é que
países vivem momentos políticos diferentes. O Brasil é um grande produtor global de
commodities e assumir uma meta como essa Tem impacto nos negócios do país lá fora. Com
outros países, as pressões são diferentes", Nos dias que antecederam a cúpula, movimentos
sociais fizeram manifestações pedindo o fim Da exploração de petróleo na
Amazônia e a redução global da
Utilização de combustíveis fósseis. Eles são
apontados como principais responsáveis pelas Emissões de gases do efeito estufa
que causam as mudanças climáticas. Apesar da tentativa do governo brasileiro em focar
a declaração da cúpula no aspecto florestal, a Exploração de petróleo na Amazônia acabou incluída
no documento final assinado pelos países. Nesse documento os países dizem que vão "iniciar um
diálogo entre os Estados Partes para a Sustentabilidade de setores tais como mineração
e hidrocarbonetos na Região Amazônica". Para ambientalistas, no entanto, os termos
da declaração foram insuficientes. O tema é delicado para países ricos
em reservas de petróleo como o Brasil, Venezuela, Guiana, Suriname e Equador. Do outro lado a Colômbia vem defendendo O fim da exploração de petróleo na
Amazônia. Em seu discurso durante a Cúpula, o presidente da Colômbia, Gustavo
Petro, voltou a criticar a atividade. Ele chamou as apostas em novas fontes de
combustíveis fósseis de "negacionismo'. "[Os governos de] direita têm um fácil
escape, que é o negacionismo. Através De negar a ciência […] Para os progressistas, é muito difícil. Isso gera então outro tipo de
negacionismo que é: vamos postergar as decisões". O ministro Mauro Vieira evitou criticar
a declaração do presidente colombiano. Olha o que ele disse ao ser
questionado sobre o assunto. "Nós não temos uma posição diferente. A
posição é convergente (com a da Colômbia) e cada País terá que seguir no ritmo e passo
que estiver ao seu alcance. Há muitos Países no mundo em que ainda têm uma matriz energética
totalmente dependente de carvão e combustíveis fósseis" A ong Greenpeace criticou a falta de um
compromisso comum dos países em torno do petróleo. Isso é o que diz a nota da organização: "Fato é que o Brasil e os demais países Perderam uma chance de colocar em prática ações
que respondam à altura aos alertas da ciência: A queima de combustíveis fósseis é responsável
pelo agravamento da crise climática" Bom, eu vou ficando por aqui. Espero
que vocês tenham gostado do vídeo. Não se esqueçam de dar o like e deixar
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