Como Peru chegou a dia caótico que culminou com presidente detido
O que está por trás do caos no Peru? Eu sou Mariana Sanches, da BBC News Brasil,
e nesse vídeo eu conto como o país chegou A situação desta quarta, sete de dezembro. Em apenas poucas horas, o Peru teve que lidar
com uma série caótica de acontecimentos: Um, o anúncio do presidente Pedro Castillo
de que estava impondo um governo de exceção, Com dissolução do Congresso e toque de recolher. Dois, a destituição de Castillo do poder
pelo Congresso; Três, a prisão de Castillo pela polícia
peruana; E, quatro, no momento em que gravo esse vídeo
a vice-presidente de Castillo, Dina Boluarte, Era esperada para fazer o juramento diante
do Parlamento e terminar o dia como presidente Do Peru. Mas esse é só mais um capítulo em uma história
recente recheada de crises, impeachments e Prisões de presidentes. Vamos lá que eu explico. Professor primário rural de 51 anos, Castillo
foi eleito em 2021 após uma eleição acirrada Contra a candidata de direita e herdeira do
ex-presidente Alberto Fujimori, Keiko Fujimori. O pleito foi decidido por 50 mil votos de
diferença. Levou mais de um mês para que Castillo fosse
proclamado vencedor — Fujimori acusou a Eleição de fraudulenta e abriu uma batalha
judicial. Castillo é um ex-rondero (membro das rondas
camponesas, organizações de defesa comunais), Que ganhou notoriedade em 2017 ao liderar
uma greve de professores que durou 75 dias. Três anos depois, em 2020, anunciou sua candidatura
presidencial representando o Peru Libre, que Se define como um partido da esquerda marxista. Durante a campanha, Castillo propôs uma série
de reformas estruturais que implicavam, entre Outras coisas, em uma mudança total do modelo
econômico peruano. Para isso, ele promoveu a ideia de criar uma
nova Constituição Política por meio de Uma assembleia constituinte que atribuiria
ao Estado um papel ativo como regulador do Mercado. Com uma agenda tão ambiciosa, Castillo precisaria
contar com amplo apoio do Congresso, mas teve Dificuldades de costurar alianças políticas. Ao mesmo tempo, passou a enfrentar diversas
acusações de corrupção e foi obrigado A substituir seus ministros em diversas ocasiões. Ele já tinha sobrevivido a duas tentativas
de impeachment quando tentou a manobra desta Quarta, que portais peruanos de notícias
tem qualificado como um golpe de Estado
Após o anúncio do presidente, vários ministros
anunciaram sua renúncia. E sua vice condenou a ação. O advogado de Castillo também renunciou ao
cargo de representante de seu cliente. Pouco depois, as Forças Armadas e a Polícia
Nacional emitiram um comunicado conjunto no Qual anunciavam: "Qualquer ato contrário
à ordem constitucional estabelecida constitui Uma violação da Constituição e gera descumprimento
por parte das Forças Armadas e da Polícia Nacional do Peru. ". A Corte Constitucional, entre outras instituições,
qualificou o governo Castillo como "usurpador". Os EUA também reagiram rápido. A embaixadora americana no Peru, Lisa Kenna,
escreveu em sua conta oficial do Twitter que Os "EUA rejeitam categoricamente qualquer
ato extraconstitucional do presidente (Pedro) Castillo para impedir o Congresso de cumprir
seu mandato". Kenna escreveu ainda que os "EUA instam veementemente
o presidente Castillo a reverter sua tentativa De fechar o Congresso e permitir que as instituições
democráticas do Peru funcionem de acordo Com a Constituição. Encorajamos o público peruano a manter a
calma durante este período de incerteza". Mas não houve condições para que o próprio
Castillo pudesse mudar de ideia. Ignorando as ordens do presidente, o Congresso
do Peru o destituiu citando “incapacidade Moral” para governar. Castillo acabou detido pela Polícia peruana
pouco depois. Sua vice então assumiria o governo, em meio
ao caos. O desfecho do mandato de 1 ano e meio de Castillo
é mais um episódio da história de sucessivas Crises políticas que o Peru vive. Nos últimos cinco anos, o país teve ao menos
cinco presidentes. Antes de Castillo assumir, julho de 2021,
Francisco Sagasti, ocupou a presidência por 8 meses. Ele era o vice presidente do Congresso, mas
assumiu porque Merino, que era o presidente Do Congresso, durou apenas cinco dias na Presidência
e renunciou diante de fortes protestos. Merino substituía, Martín Vizcarra, destituído
do cargo pelo Congresso, depois de dois anos De mandato. O próprio Vizcarra, porém, era originalmente
vice do presidente eleito Pedro Pablo Kuczynki, Conhecido como PPK, que governou o Peru entre
2016 e 2018 e renunciou ao cargo, em meio A denúncias de corrupção e vínculos com
a empresa Odebrecht.
Atualmente, ele cumpre prisão domiciliar. Na época da sua prisão, ele disse que se
tratava de uma "arbitrariedade". Os presidentes anteriores concluíram os mandatos,
mas todos tiveram problemas com a Justiça. Estou falando de Alberto Fujimori , que governou
entre 1990 e 2000, Alejandro Toledo, no poder Entre 2001 e 2006 e que teve um pedido de
extradição dos Estados Unidos contra si, Alan García, que governou até 2011 e se
suicidou em meio à denúncias de que teria Recebido subornos e Ollanta Humala que ficou
no poder até 2016 e chegou a ser preso depois Da presidência também por corrupção. O histórico mostra que, com episódios agudos
como o desta quarta, a crise política no Peru é crônica – e pesquisas de opinião
pública mostram o descontentamento da população Com a classe política. Fico por aqui, pessoal. Até a próxima. Tchau