O território ultramarino da França que enfrenta ‘pressão demográfica’ brasileira
Essas são imagens da Guiana Francesa, Onde é comum ouvir português ou encontrar
lojas que só vendem produtos brasileiros É nesse pequeno território da França na
América do Sul que se concentra hoje uma Das maiores populações de brasileiros no exterior. Em todo lugar que você vai, tu encontra coisas
para falar português. É bem presente mesmo. Desde Maripasoula até Ouanary, quer
dizer, do leste a oeste da Guiana, A gente tem presença de brasileiros,
de filhos de brasileiros, de imigração. A maranhense Vaneza Ferreira é uma entre os
noventa e um mil e quinhentos brasileiros Que são estimados como moradores da Guiana
Francesa, um lugar que tem, oficialmente, Apenas trezentos e um mil habitantes. Meu nome é Vitor Tavares e te conto nesse
vídeo como o território franco-guianense Se tornou um dos principais
destinos de brasileiros no mundo. Primeiro, vamos dar uma olhada no top 10 das
maiores populações do Brasil no exterior, Segundo as estimativas do Ministério das
Relações Exteriores, o Itamaraty, para 2022. Em primeiro lugar disparado,
estão os estados unidos, Com 1 milhão e novecentas mil pessoas. Depois
vêm Portugal, Paraguai, Reino Unido, Japão, Espanha, Alemanha, Itália,
Canadá e… a Guiana Francesa Essa foi a primeira vez que
esse território apareceu no Top 10 e ficou à frente de países como
Argentina e a própria França europeia. Essa comunidade vem aumentando ano
após ano. Eram cerca de 58 mil em 2019, De 72 mil em 2020, 82 mil e quinhentos
em 2021. E 91 mil e quinhentos em 2022. Vale salientar que o Itamaraty me informou
que não faz distinção de status migratório, Se é legal ou ilegal, nas estatísticas
sobre comunidade brasileira no exterior. Ou seja, nesses noventa e um mil há brasileiros
não regularizados. Essas pessoas em teoria não Entram no censo oficial francês, que estima
o total de 301 mil habitantes no território. Mas fazendo a comparação dos dados que temos, O número de brasileiros
equivale a 30% da população. E por que a Guiana Francesa
atrai tantos brasileiros? Claro, a gente tem que mencionar
primeiro a questão geográfica, Já que é um território vizinho do Brasil. A chamada região das Guianas, no norte
da América do Sul, foi alvo de disputa Entre os colonizadores europeus desde o
século 16, com a presença de espanhóis, Portugueses, ingleses, holandeses e
franceses. E assim ela foi dividida. Hoje, temos a República da Guiana, antes chamada
de Guiana Inglesa, que conseguiu independência
Do Reino Unido e se tornou um país em 1966. O
Suriname, antes Guiana Holandesa, passou pelo Mesmo processo em 1975, separando-se do Reino dos
Países Baixos. A ocasionalmente chamada "Guiana Portuguesa" virou Estado do Amapá no Brasil,
e a parte espanhola somou-se à Venezuela. A Guiana Francesa, por sua vez,
nunca se separou da França. E isso leva a uma das principais
razões desse histórico de migração, Segundo especialistas e moradores
do país com quem conversei: A moeda. Como parte da França,
os trabalhos são pagos em euro. Também há grande presença de
brasileiros em garimpos ilegais. Além da busca pelo salário em euro,
que possa patrocinar uma vida melhor Da família por meio de envio de recursos
ao Brasil, a migração à Guiana Francesa Também tem outras características, como
me disse a socióloga Rosiane Martins, Que desenvolveu pesquisas no Pará e
Amapá sobre esse movimento migratório. Normalmente os brasileiros que vão para a Guiana
Francesa são oriundos de Estados da região Norte Ou do Maranhão. Os do Maranhão vão muito para
trabalhos em garimpos e aqueles que são do Amapá, Do Pará vão muito para o trabalho na
pesca e também na construção civil. As mulheres em geral vão como trabalhadores domésticas
e algumas se ocupam na prostituição. O governo da França vem tentando coibir a entrada
ilegal de brasileiros no território. Por exemplo, é necessário um visto de turismo, que é solicitado
nos consulados da França no Brasil, para acessar Temporariamente a Guiana Francesa. Para ir à
França, na Europa, não é preciso visto. O país Também suspendeu a emissão de vistos em Macapá,
no Amapá, a capital mais perto da fronteira. Na ponte binacional que liga o Oiapoque, no
Brasil, a Saint Georges, na Guiana Francesa, Inaugurada em 2017 após muito atraso, os
brasileiros precisam mostrar o visto e, Caso estejam de carro, pagar um seguro
que pode passar dos 100 euros. A travessia por barco, que muitas vezes escapa da
fiscalização, segue sendo a mais utilizada. Uma fonte do Itamaraty me disse que essas
medidas tomadas pela França acontecem porque, Se não, a Guiana Francesa iria virar brasileira, Dada a dimensão da população do Brasil e a
pressão demográfica que isso iria causar. Mas essa imigração não começou nos últimos anos. Segundo pesquisadores, o primeiro movimento da
imigração brasileira a Guiana Francesa ocorreu a partir do fim dos Anos 1960 e anos 1970, quando foi construída a 50
km de Caiena, a capital, a Base Espacial de Korou. Justamente pela necessidade do governo
francês em ter trabalhadores da construção Civil, em ter trabalhadores para construção
da base, então começaram a ser atraídos. E a partir de 1980 e 1990, foram motivados, Empurrados pelas crises econômicas que
o Brasil enfrentou. E atualmente também
Têm mantido o fluxo pela situação de
crise econômica atravessada pelo país Em 1974, eram estimados 1.500 brasileiros
ali, em geral qualificados profissionalmente. Esse primeiro grupo é considerado como parte de
uma “migração familiar”, que ocorreu com a ida De famílias inteiras ou ainda com as políticas
de reunificação familiar a partir de 1976. Essas Pessoas formaram uma comunidade estável e
permanente, inserida na sociedade local. Mas, após o término das obras, os
brasileiros seguiram sendo mão de Obra primordial na construção
da infraestrutura francesa ali. Desde aquela época até hoje, há relatos de
brasileiros reunidos “na praça das Palmeiras, No centro de Caiena, onde aguardavam os empreiteiros
chegarem com as pickups anunciando obras. A maranhense Vaneza Ferreira, que chegou
à Guiana Francesa quando tinha 12 anos, Em 1999, após a mãe se casar com
um franco-guianense, faz parte da Geração que se estabeleceu permanentemente
no território depois dessa primeira onda. Ela se considera parte da “diáspora brasileira", Que já tem pessoas de até
terceira e quarta geração. Existem essas duas imigrações, que nós que
estamos, que somos legalizados, que fazem Parte da diáspora e nós temos uma maneira de
nos proteger, porque a gente está dentro da Sociedade. Mas existe aquela outra parte que
mesmo se o número hoje é alto de brasileiros, Presente, mas existe aquela outra imigração
que sofre, que que é explorada, que tem Morte cada dia pior, compreendeu?
Que as pessoas se colocam em risco. Muitos desses imigrantes recentes
vivem no vaivem na fronteira, Mas outros acabam tentando a vida em Caiena,
onde vivem em situação extremamente vulnerável, Invadindo terrenos e criando ocupações e favelas. O caminho para se legalizar é considerado cada Vez mais difícil. Mas isso não
quer dizer que o fluxo diminui. Em geral os brasileiros quando vão vão sem visto.
A dificuldade que existe em obter um visto faz com Que maioria dos brasileiros imigre ilegalmente.
Principalmente porque, na Guiana, o grupo que imigra baixa tem escolaridade, Sem profissões definidas, é um grupo que tem uma
dificuldade de visto de trabalho. Os migrantes em geral são fundamentais para
a economia guianense, justamente porque é Uma sociedade multiétnica e multicultural. É
formada por migrantes de vários continentes, Temos número expressivo de asiáticos,
africanos, caribenhos e latinoamericanos. A força de trabalho de cada um deles,
em cada lugar que ocupa na sociedade, Acaba sendo fundamental para a economia. A
economia sobrevive em grande parte da presença Dos imigrantes e dos serviços oferecidos
por esses imigrantes ao Estado francês. Além dos brasileiros, as nacionalidades mais
Comuns na Guiana Francesa são
os haitianos e os surinameses. De acordo com os brasileiros que vivem
nessa sociedade absolutamente diversa E com quem conversei, apesar da saudade do Brasil, A Guiana Francesa consegue mantê-los
quase ainda integrados ao Brasil. Há igrejas evangélicas, restaurantes a
quilo, açaí e, claro, o português é ouvido Por todo lado. Ou, em alguns casos,
uma mistura de português e francês. Ai, Copina, Copina, Copine, amiga Amiga em português, em francês é copine,
mas no porto-francês seria copina E às vezes eles mesclam uma
expressão como por exemplo, Vão falar uma palavra em francês e
o resto da fala é em português, né? É isso pessoal, espero que tenham gostado do vídeo.
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