3 focos das investigações sobre ação de bolsonaristas
Depois da invasão das sedes dos três Poderes, Qual o foco das investigações –
e quais podem ser as punições? Eu sou Nathalia Passarinho da BBC News
Brasil e neste vídeo destaco 4 pontos. Começo por um dos principais
focos da Polícia Federal agora: A identificação em massa das pessoas que
invadiram e depredaram o patrimônio público. Uma reportagem do meu colega Leandro Prazeres
mostra que a polícia vai usar ferramentas de Reconhecimento facial para cruzar as imagens
dos invasores em circuitos internos de TV, Câmeras de segurança e material divulgado Nas redes sociais com dados biométricos
das secretarias de segurança estaduais. Também vai tentar identificar os invasores por
meio das impressões digitais deixadas nos prédios. Até o momento em que eu gravo este vídeo, cerca
de 400 pessoas haviam sido detidas em conexão com As invasões, segundo o governo do Distrito
Federal. Mais de mil que estavam acampadas Em frente ao QG do exército foram levados
pela polícia para delegacias na segunda. Outra prioridade apontada pelas autoridades é a
identificação da rede de financiamento que teria Viabilizado o transporte de milhares de pessoas a
Brasília e a manutenção delas na capital federal. O governo diz que 40 ônibus foram
apreendidos ainda no domingo. Quem financia crime, criminoso é. Então
sim, nós já levantamos todos os ônibus, De onde vieram, quem pagou. Temos
a lista dos passageiros e vamos Pedir as medidas cabíveis à polícia
judiciária, leia-se Polícia Civil do DF A Polícia Federal vai pedir todas as medidas
judiciais para aqueles que não estão em flagrante Porque são duas situações técnicas diferentes. As
pessoas que estão aqui, que invadiram, depredaram Etc estão em flagrante, até neste momento
inclusive. A partir de amanhã, as pessoas que Estão em outro Estado e que financiaram, que em
algum celebraram, incitaram, incitaram – elas não Estão mais em flagrante. Mas as medidas de polícia
serão tomadas. E serão todos identificados um a Um. Porque isto nunca aconteceu na vida brasileira
deste modo e não vai acontecer nunca mais. E esta é a forma pela qual nós vamos prevenir:
chegando exatamente nos financiadores" Identificar o financiamento de
atos antidemocráticos já era um Dos focos de um inquérito que tramita
no Supremo Tribunal Federal desde 2021. Segundo o relator, o ministro Alexandre de Moraes,
o inquérito no Supremo analisa, entre aspas, “fortes indícios e provas de uma verdadeira
organização criminosa, de forte atuação digital, Com a nítida finalidade de atentar contra
a democracia e o Estado de Direito”. Em novembro do ano passado, uma
reportagem do jornal O Estado de S.Paulo apontou que relatórios enviados
ao Supremo mostraram a existência de uma Rede de financiadores composta por
empresários e produtores rurais.
Ainda não está claro se as invasões de 8 de janeiro vão ser apuradas
dentro desse mesmo inquérito. O terceiro ponto das investigações
é a acusação de conivência por Parte das autoridades que cuidam da
segurança pública do Distrito Federal. Apesar de haver policiais militares na
área próxima às sedes dos três Poderes, A Polícia Militar não impediu a invasão. As suspeitas de omissão se intensificaram
após uma mudança no planejamento de segurança Da Esplanada dos Ministérios, área
que dá acesso aos prédios invadidos. Inicialmente, o acesso de pedestres ao
local estava proibido, mas foi permitido Ao longo do dia, facilitando a chegada
dos invasores à Praça dos Três Poderes. Imagens mostram que também não foram montadas
barreiras com tropas suficientes para impedir Que os manifestantes invadissem
Congresso, Supremo e Planalto- algo Foi feito em diversas outras manifestações no
passado e que contaram até com mais público Do que ontem. E isso apesar de PM saber
que os bolsonaristas estavam marchando Em direção à Esplanada (imagens dos carros da
PM ‘escoltando’ os invasores até o congresso) O secretário de Segurança Pública do DF,
Anderson Torres, que estava na Flórida E foi ministro da Justiça de Jair Bolsonaro,
foi exonerado do cargo pelo governador Ibaneis Rocha. Ele disse que estava de férias com a
família e negou que tenha se encontrado com Bolsonaro. Lembrando que a viagem ocorreu
em meio a um momento de tensão no Brasil e Apenas poucos dias após ele assumir o novo
cargo na segurança do Distrito Federal. E o próprio governador Ibaneis
Rocha. que é aliado de Bolsonaro, Foi afastado do cargo por 90 dias
por ordem de Alexandre de Moraes. O ministro afirmou que a conduta do governador
foi, entre aspas, “dolorosamente omissa”. Na noite de domingo, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva decretou a intervenção federal Sobre a segurança pública do DF. E fez duras
críticas à ação policial e à do governo distrital. Lamentavelmente, quem tem que fazer a segurança do Distrito Federal é a PM do
Distrito Federal, que não fez Houve, eu diria, incompetência, Má vontade ou má-fé das pessoas que cuidam
da segurança pública do Distrito Federal Não é a primeira vez. Vocês vão ver nas
imagens que eles (PMs) estão guiando as Pessoas na caminhada até a Praça dos Três Poderes No dia 30, quando houve a minha diplomação,
vocês viram aquele quebra-quebra em Brasília, A Polícia Militar de Brasília
estava guiando eles e vendo Eles tocarem fogo em ônibus e
não fazia absolutamente nada
Pelo Twitter antes de ser exonerado, Anderson
Torres criticou as invasões. Ele escreveu: "É inconcebível a desordem e inaceitável
o desrespeito às instituições. Determinei Que todo efetivo da PM e da Polícia Civil atue,
firmemente, para que se restabeleça a ordem com A máxima urgência. Vandalismo e depredação
serão combatidos com os rigores da lei". E antes de ser afastado por Moraes, Ibaneis
divulgou um vídeo pedindo desculpas a Lula. Quero me dirigir aqui primeiramente ao
presidente Luiz Inácio Lula da Silva Para pedir desculpas pelo que
aconteceu hoje na nossa cidade. Não acreditávamos em momento nenhum que essas
manifestações tomariam as proporções que tomaram São verdadeiros vândalos, verdadeiros terroristas, Que terão de mim todo o efetivo combate para
que sejam punidos, é isso que nós queremos Como vimos, os pedidos de
desculpa não foram suficientes. Para concluir, quais as possíveis
punições para quem participou, Direta ou indiretamente, das invasões? Criminalistas explicaram pra gente que os
invasores podem ser enquadrados em crimes contra As instituições democráticas, de associação
criminosa e danos ao patrimônio público. Esses crimes carregam pena conjunta de mais
de 20 anos de prisão, caso fique comprovado Que determinados indivíduos danificaram patrimônio
público, inclusive obras de arte e arquitetônicas De valor inestimável, e ao mesmo tempo tentaram
depor o governo legitimamente constituído. E o mesmo vale para quem for identificado
como financiador das invasões. Allamiro Velludo Salvador Netto,
professor de Direito Penal da USP, Destaca que os mesmos tipos penais podem enquadrar
quem tiver fornecido meios materiais, dinheiro, Logística e os ônibus para a depredação.E
essa pena pode acabar sendo ainda maior. Ao ordenar a dissolução total dos acampamentos
bolsonaristas diante de quartéis em todo o país, Alexandre de Moraes determinou que pessoas
presas em flagrante sejam indiciadas também Por crimes de atos terroristas, punidos
com pena de 15 a 30 anos de prisão. A gente vai seguir acompanhando
esses desdobramentos. Siga nossa cobertura no YouTube, nas
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